O grupo bracarense Dst, ligado à área da construção, vai pagar uma pós-graduação em Filosofia a 505 trabalhadores licenciados, para que possam "sair da caixa" e "olhar para as coisas de forma menos tradicional". José Machado, diretor dos Recursos Humanos da empresa, garante que "ver coisas que outros ainda não viram" é uma das chaves para ganhar "competitividade" nos negócios.
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"No mercado onde atuamos, com o grau de exigência dos clientes que temos, se não formos além das hard skills [competências técnicas], não conseguimos acompanhar o mercado", refere o responsável, convencido de que a área da Filosofia "serve de analgésico para todos os desafios que o século XXI tem trazido". "É um investimento que achamos que nos diferencia", acrescenta.
A pós-graduação, feita em parceria com a Universidade Católica de Braga, foi desenhada propositadamente para os trabalhadores da Dst e vai arrancar esta quinta-feira.
Tratam-se de aulas online, de uma hora por semana, com mais dez minutos para discussão, que decorrem durante o período laboral. Ao todo, a formação terá seis semestres, terminando em 2025.
Educar espírito crítico e criativo dos quadros da empresa
O programa prevê o estudo de autores e obras contemporâneas e abordagens sobre ciência, epistemologia, religião, metafísica, espiritualidade, natureza, antropologia, ética, política, arte e cultura.
"Nesta formação, procura-se, de uma forma integrada, desenvolver conhecimentos, atitudes, saberes, modos de estar e ser, que conduzam os quadros do grupo Dst a educarem o seu ", elucida o diretor da Faculdade de Filosofia da Universidade Católica de Braga, Manuel Martins Lopes.
Há dois anos, em plena pandemia, a empresa já tinha lançado uma primeira edição do curso, que contou com 318 trabalhadores. Agora, foram selecionadas 505 pessoas, todas licenciadas, que vão assistir às aulas, a partir de diferentes países onde a Dst tem presença.
"A riqueza deste movimento é tal que conseguimos ter trabalhadores que estão no Mónaco, Angola ou Holanda, por exemplo, a participar e a cruzar ideias", refere José Machado.