A Pedrinhas, uma cooperativa de solidariedade social da Lousã, criada em 2018, que intervém ao nível da melhoria da habitação de meninos com doença grave, foi contemplada, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), com uma verba de 563 mil euros, que permitirá a construção de casas de transição para meninos que tenham alta hospitalar.
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"Fizemos uma candidatura no âmbito de respostas sociais inovadoras e fomos selecionados, o que nos deixa uma sensação de enorme alegria e dá mais ânimo para continuar o nosso projeto", resumiu, emocionada, esta quarta-feira ao JN, Ana Brazião, presidente e fundadora da Pedrinhas.
O protocolo, assinado, esta terça-feira, com o Governo, representado pela ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, vai permitir à Pedrinhas construir um complexo/casa com 10 T1 para crianças e famílias fazerem a transição entre o hospital e as suas habitações, enquanto estas não têm condições para os receber, assim como para os cuidados paliativos.
Muitas vezes acabam por ficar no hospital, porque as suas casas ainda estão em obras
Ana Brazião, fundadora da Pedrinhas, explica ao JN que o projeto deverá ser concretizado em dois anos, e que permitirá dar uma "importantíssima ajuda" às crianças e famílias que tem alta. "Muitas vezes acabam por ficar no hospital, porque as suas casas ainda estão em obras. Com estas unidades, torna-se possível acolhê-las", observa.
Na prática, as crianças vão ficar alojadas nas novas moradias enquanto decorrem obras de adaptação nas suas casas. "As casinhas podem não ser muito grandes, mas têm todas as condições, como entradas e casas de banho acessíveis", descreve a responsável, admitindo que sem este financiamento nunca seria possível concretizar o projeto.
A história da Pedrinhas é, desde o início, um caminho de amor. Foi criada pela própria Ana Brazião, arquiteta de profissão, que, em 2018, viu o filho Pedro morrer aos 10 anos, vítima de leucemia.
Angariação de fundos em curso
O tempo passado a assisti-lo no hospital, despertaram-na para a realidade de ter de enfrentar doenças deste tipo e criou a associação, que hoje conta já com mais de 150 voluntários, além dos fundadores e dos próprios cooperantes.
Desde a sua fundação, a Pedrinhas já interveio em cinco casas de famílias, que necessitavam de ser adaptadas para responder às necessidades das crianças após a alta hospitalar. Nuns casos foram adaptadas acessos e interiores, eliminando barreiras, noutras as habitações foram quase reconstruídas. Tudo sem custos para as famílias.
A cooperativa têm em curso uma angariação de fundos, através da venda de pacotes de sementes, que visam financiar a requalificação de mais quatro habitações.