Instituição de Penafiel precisa de obras e quer aumentar valências. Para isso, precisa de angariar 400 mil euros. A campanha "Construir um Sonho" (www.umsonho.pt ) visa angariar um euro por cada um dos mais de 408 mil habitantes da região do Tâmega e Sousa.
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"Não consigo imaginar a minha vida sem isto. Se não fosse o centro estava em casa sozinha, enfiada na cama ou já tinha morrido. Estou aqui bem, elas são a minha família". O desabafo é de Rosa Sousa, de 83 anos, uma das utentes do Centro Sénior da Portela, em Penafiel, que, sem acordo de cooperação com a Segurança Social e sem candidaturas aprovadas para fazer obras urgentes, se vê em risco de ter de fechar portas. "Quando chega à noite é uma tristeza ir para casa. Não sei o que será de mim se isto fecha. Estamos com medo", corrobora Luzia Pereira, de 70 anos.
A esperança surgiu em forma de campanha solidária, lançada no dia de Natal, e visa angariar os mais de 400 mil euros necessários para ampliar e adaptar a antiga escola onde está instalada a instituição e transformar o edifício num Centro de Dia e num CACI - Centro de Atividades e Capacitação para a Inclusão.
Criado há cerca de 10 anos, e integrado na Associação para o Desenvolvimento da Portela, este Centro Sénior sempre viveu no limite e na luta contra "uma pescadinha de rabo na boca". A Segurança Social exige obras para estabelecer protocolos e todas as tentativas de obter financiamento para isso foram indeferidas, frustrando as expectativas, ou porque mudavam regras ou porque não havia verbas. "Candidatamo-nos a tudo o que era possível. No último PARES indeferiram por falta de verbas e encaminharam para o PRR. Ficamos bem classificados, mas também indeferiram alegando a falta de um documento que não tinha sido pedido. Já estamos a questionar a decisão em tribunal", explicam Diana Barbosa, diretora técnica do Centro, e Sandra Pereira, presidente da Associação.
Sacrifício
Têm-se mantido abertos com muito espírito de sacrifício de todos, com base em iniciativas solidárias e porque gerem o transporte e uma cantina escolar, atividades que permitem angariar verbas. Isso junta-se às baixas mensalidades pagas pelos 22 utentes (30% do valor da reforma). São seis funcionários ao todo, sendo que todos fazem de tudo, e é "uma batalha muito grande pagar salários em dia". "Tudo o que fazemos é para isto não fechar. É preciso muita ginástica", frisam.
O Centro de Dia e o CACI iam permitir criar emprego na freguesia e dar resposta à lista de espera e às necessidades da comunidade. "Temos tantos pedidos para a deficiência como para a terceira idade e 18 seniores em lista de espera", comentam. A meta da campanha, que surge como "grito de revolta", é angariar mais de 400 mil euros para as obras e verbas para se manterem de portas abertas até lá. "Se isto não funcionar vamos ter de fechar e não sabemos o que vai acontecer a estes idosos. Muitos não têm retaguarda familiar", lamentam as responsáveis.