Cães sinalizaram cadáver no meio dos escombros da pensão que foi consumida por um incêndio na quarta-feira, na zona da Batalha, no Porto. Dois hóspedes continuam incontactáveis, mas as autoridades dizem não haver certeza de que estivessem no edifício que ardeu.
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O trabalho da Unidade Cinotécnica dos Sapadores e da Polícia Municipal do Porto revelou-se determinante para localizar o cadáver de uma mulher que ontem à tarde foi retirado dos escombros da pensão destruída por um incêndio que deflagrou na quarta-feira, na Batalha.
Segundo Carlos Marques, que comanda o Regimento de Sapadores do Porto, o corpo, que é "muito provável que seja o da mulher que estava desaparecida", foi detetado, pelas 16 horas, num dos dois locais, no interior do edifício, que haviam sido sinalizados pelos cães durante as buscas que decorreram ao longo da manhã.
Entretanto, as operações de remoção do entulho vão prosseguir "com todo o cuidado", uma vez que não está afastada a hipótese de haver mais vítimas entre os destroços do prédio de quatro pisos que ardeu na Rua de Cimo de Vila. Aliás, segundo hóspedes, donos da pensão e moradores das imediações, dois homens - um jovem e um homem mais velho que seria cozinheiro - ´não são vistos e estão incontactáveis desde que deflagrou o incêndio.
Contudo, "não há nenhuma confirmação de que as pessoas de que não se sabe o paradeiro se encontrassem dentro do edifício na altura do incêndio", ressalvou o operacional ao final da tarde de ontem, altura em que o corpo foi removido, pelos Bombeiros Voluntários do Porto, para o Instituto de Medicina Legal, para ser autopsiado. A mulher que estava desaparecida era Maria Teresa, de cerca de 50 anos, e estava hospedada na pensão com o companheiro, Filipe. Segundo relatos, outro hóspede que escapou das chamas ainda terá tentado salvá-la, mas não conseguiu retirá-la do prédio.
Toneladas de entulho
De acordo com Carlos Marques, nos "dois pontos de interesse" sinalizados pelos cães de busca e salvamento "existiam camas e, portanto, há odor humano", pelo que "poderá não existir cadáver" na segunda área assinalada pelos animais, que, como esclareceu o comandante dos Sapadores, "estão treinados para encontrar pessoas com vida, não cadáveres".
Os trabalhos de retirada das "toneladas de escombros que ainda faltam" deverão prolongar-se nos próximos dias, sendo que as equipas de busca estão a avaliar se voltam a pôr no terreno os binómios. "Possivelmente, poderemos fazer novo varrimento", admitiu Carlos Marques.
Edifício antigo não estava obrigado a licenças de construção e de utilização
Questionada pelo JN sobre a situação do imóvel atingido pelas chamas, a Câmara do Porto explicou que o edifício da Rua de Cimo de Vila "é de construção anterior à entrada em vigor do RGEU [Regulamento Geral das Edificações Urbanas], pelo que não estava obrigado à licença de construção e subsequente licença de utilização". Ainda assim, acrescenta o esclarecimento, "nos registos camarários existem alvarás sanitários para a Casa de Pasto (n.º 117) e Hospedaria (n.º 119)". Já o restaurante de kebab no rés-do-chão do n.º 117 "não está obrigado a vistoria por parte do município para funcionamento".