Cortejo da Queima das Fitas com menos sátira política reúne oito dezenas de carros
A tradicional sátira política e social esteve hoje menos presente do que o habitual no cortejo da Queima das Fitas da academia de Coimbra, optando os estudantes por reforçar o cunho recreativo do evento.
Corpo do artigo
No desfile que hoje desceu da Alta universitária à Baixa 'futrica' e que acabou por somar cerca de oito dezenas de carros, eram raras as frases de gozo e de intervenção social que em anos anteriores ocupavam um espaço marcante entre as flores de papel que enfeitam os carros alegóricos.
Em comparação com outros anos, rareavam as "bocas" ao quotidiano das faculdades, da universidade, aos professores e até aos políticos que dirigem os destinos do país.
Ainda assim, a crise foi lembrada, por exemplo, no nome de alguns carros alegóricos, como o 'Cavalo de Histroika', o 'Turistroika' ou o 'Cavalo de Troika'.
A sátira política e à atualidade social foi tendo mais alguns momentos, nomeadamente em frases de carros da Faculdade de Letras, nos quais se podia ler: 'Cavaco, vem comigo ao Pingo Doce', 'Jerónimo Martins paga-me as propinas' ou 'Apertar o cinto?! Nem calções tenho'.
Em alguns carros de Engenharia também sobressaía alguma "maledicência", com a inscrição "Grandes Passos para a Austeridade" ou a figura de um coelho de traje académico suspenso a partir de uma grua.
Programado para as 15:00, o cortejo começou com tradicional atraso de vários "quartos de hora académicos" e só às 16:30 é que os primeiros carros começavam a contornar a Praça da República para descer à Baixa.
Antes disso, foram 'fazendo a festa' os vendedores ambulantes, de bonés, pipocas, balões e até de banquinhos de campismo, de "dois a cinco euros", como dizia o pregão. O cansaço da espera e das pernas, sobretudo de muitos avós que aguardavam a passagem dos netos, iam fazendo sair as notas das carteiras.
Quando se anunciou o primeiro carro, quem estava no passeio foi-se ajeitando para ver melhor e preparando a máquina fotográfica.
" cabeça surgiram um grupo de bombos e gaita de foles e os antigos estudantes a abanar pastas e fitas dos cursos e a mostrar dotes de dançarinos. Um ou outro a rigor, com batina e capa, porque nos restantes casos o volume corporal entretanto adquirido tornou as vestimentas impróprias.
Pouco depois chegava o primeiro carro dos "doutores" do presente, da Faculdade de Direito, 'A Paródia Política', com imagens caricaturais de chefes da Europa, onde se encontravam Angela Merkel e Nicolas Sarkozy.