Cratera no quarteirão de D. João I vai dar lugar a hotel, habitações e praça ajardinada
Auditoria da Câmara do Porto ao empreendimento no quarteirão de João I deixou imobiliária "surpreendida". Promotora diz que ao investir em tempo de pandemia devia ser "incentivada.
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Está desvendado o projeto para a cratera do quarteirão de D. João I, no Porto: chama-se "Bonjardim" e terá habitação, hotel, estacionamento na cave e uma praça ajardinada. Serão investidos 57 milhões de euros pela Avenue, a mesma promotora do luxuoso projeto Aliados 107, aos quais há a juntar mais cerca de 30 milhões de euros por parte da marca hoteleira "The Student Hotel".
"Se tudo correr bem, nos próximos dias teremos o deferimento formal da Câmara do Porto para a arquitetura e durante o mês a licença de construção aprovada", adianta, ao JN, o diretor-geral Aniceto Viegas.
A auditoria ao empreendimento, proposta pelo PS e admitida por Rui Moreira, apanhou a Avenue "surpreendida" e a hipótese de novas multas por atraso "é frustrante". O diretor explica que "o ativo foi comprado em 2019 [ao BCP]" e que desde aí tem tratado da parte "burocrática do licenciamento". A pandemia também não tem ajudado.
Escavação é morosa
Ainda assim, a obra foi reatada. "Esses trabalhos decorreram entre abril de 2020 e janeiro deste ano. Temos 28 mil metros quadrados que vão nascer acima do solo, mas temos 20 mil metros quadrados abaixo do solo. E nesses 20 mil metros o trabalho de escavação é mais ingrato. Quando chove, atrasa. É moroso. Fizemos o que podíamos fazer", descreve. "Pedimos uma extensão para terminar a escavação. Estamos a fechar o anel. São os tais trabalhos que vão demorar 10 meses. De fevereiro até ao final deste ano. Pedimos 360 dias porque pode haver atrasos. Mas, como já fizemos alguns abaixo do solo, tendo a licença também vai ser possível trabalhar acima", antecipa.
"Esta é uma fase em que não se vê muito. Mas quando fecharmos a plataforma no rés-do-chão e começarmos a construir a estrutura, aquilo parece que todos os dias cresce um piso, porque é mais simples e as fundações estarão feitas", refere.
"Quando a Câmara do Porto diz estar a ponderar se vai aplicar multas, de facto tem esse direito, mas também entendemos que quem investiu, continuou a trabalhar e a acreditar no mercado, mesmo com tudo o que aconteceu no país e no mundo, devia ser mais incentivado do que desincentivado. É um bocadinho frustrante", lamenta, acentuando que a Avenue está a "contribuir para o PIB português" e que, inclusivamente, pela obra "já foi paga uma multa [300 mil euros]"
150 mil euros de multa
"Temos um contrato em que temos de terminar este projeto até outubro de 2021. Se nos atrasarmos, por cada dia podem aplicar-nos uma multa de 500 euros. Por tudo o que se passou, vai forçosamente atrasar-se. Não vamos conseguir acabar em outubro. Muito provavelmente, só entre junho e setembro de 2022. Vamos ter um atraso de nove a 10 meses e a Câmara tem a possibilidade de, havendo 300 dias de atraso, aplicar uma multa adicional de 150 mil euros. Não achamos muito justo, sendo uma faculdade que têm. Se tivermos que pagar, pagaremos. Não conseguimos ir mais depressa do que podemos ir".
Antiga Casa Forte era uma loja com prestígio
O quarteirão de D. João I inclui o espaço ocupado pela antiga Casa Forte, no gaveto das ruas de Sá da Bandeira e Formosa. A Casa Forte era um estabelecimento prestigiado. Na realidade, era mais do que uma loja. Com a frente virada para Sá da Bandeira, entre o tipo de produtos comercializados, contava-se uma sapataria. Na viela que conduzia à Rua Formosa tinha ainda um armazém de artigos desportivos.
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