<p>Quinze meninos da Associação Sol vestiram a pele de cientistas, ontem, no Centro de Ciência Júnior do Biocant Park, em Cantanhede. Foi mais um contributo para que estas crianças, “infectadas e afectadas pelo vírus da sida”, tenham um dia-a-dia normal.</p>
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A expressão é da directora técnica da Sol, Inês Gonçalves, e engloba as crianças que, não estando infectadas, sofrem com o vírus, porque alguém na família o tem. Muitas são órfãs, algumas foram abandonadas à nascença em hospitais. Vêem naquela casa, onde são “primas” e os funcionários “tios”, a única família.
“Estamos sempre a tentar proporcionar a estas crianças um dia-a-dia perfeitamente normal”, acentuou a responsável. A visita ao parque de biotecnologia gerou entusiasmo e juntou o útil ao agradável: permitiu tirar meninos dos 6 aos 15 anos de entre quatro paredes, munindo-os de saber. Nas férias, “é um suplício tê-los em casa [em Lisboa]”, referiu Inês Gonçalves, explicando que “está sobrelotada e muito degradada”.
O convite foi feito pela empresa Crioestaminal, numa lógica de “responsabilidade social”, como frisou um dos administradores, Luís Gomes. “Achámos que devíamos dar às crianças da Associação Sol a possibilidade de serem cientistas por um dia”, disse, para logo acrescentar: “Quem sabe se não sairão daqui cientistas? Estas crianças devem ter esperança e nós quisemos dar essa palavra de esperança”. Mais: “Acreditamos que o vírus HIV há-de ter cura”.
Sandro, de 12 anos, sonha ser actor; Carolina, de 14, aposta na ginástica rítmica; e Manuel, também de 14, quer ser treinador de futebol. Ontem, aprenderam que há microrganismos úteis ao Homem, sendo as bactérias do iogurte as responsáveis pela transformação do leite nesse alimento com milhares de anos, pela voz da coordenadora do Centro, Liliana Figueiredo. “As bactérias vão continuar vivas no iogurte”, explicou. “Por acaso, fiquei a pensar nisso”, comentaria, mais tarde, Carolina. Sobre a visita, poucas palavras: “É bom aprender coisas novas”.