As 17 crianças que até agora viviam no Centro de Acolhimento Temporário da Misericórdia de Viseu começaram esta segunda-feira a ser transferidas para outras instituições sociais do distrito e para famílias de acolhimento. A instituição fechou resposta social alegando um prejuízo de 700 mil euros.
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Os menores que estavam à guarda da Santa Casa deixam aquele que foi o seu lar nos últimos tempos. Aquela valência vai encerrar portas, atirando para o desemprego 18 pessoas.
Os bebés, com menos de um ano, vão ser entregues às três famílias de acolhimento existentes em Viseu. Já os restantes menores, até aos sete anos, serão repartidos por três centros de acolhimento, os lares de Santa Teresinha e de Santo António, na cidade viseense, e o CAT da Misericórdia de Lamego. O processo de retirada das crianças será concluído até esta quarta-feira, apurou o JN.
O CAT de Viseu encerra portas após cerca de três décadas de atividade. A Santa Casa decidiu fechar a resposta social há meio ano, denunciado o contrato, que vigorava até setembro, com a Segurança Social (SS) por a valência dar constantemente prejuízo. Nos últimos cinco anos acumulou perdas de 700 mil euros.
O tal superior interesse da criança, de que estão sempre a falar, foi agora ultrapassado pelo superior interesse económico financeiro
A Misericórdia e a SS ainda estiveram envolvidas em negociações, mas não foi possível chegar a um acordo. O Estado até se comprometia a aumentar as dotações financeiras por cada criança, mas não queria que o CAT recebesse mais do que 15 menores. Já a Santa Casa não abdicou de continuar com as 22 vagas que tinha. Sem acordo, a SS decidiu espalhar as crianças por outras instituições e famílias de acolhimento. O processo teve luz verde dos tribunais que tinham retirado os menores aos pais, por estes serem vítimas de maus-tratos.
O provedor da Misericórdia de Viseu, Adelino Costa diz que instituição já não aguentava o acumular de prejuízos, que anualmente rondavam os 150 e os 200 mil euros.
"O tal superior interesse da criança, de que estão sempre a falar, foi agora ultrapassado pelo superior interesse económico financeiro", critica.
Despedimento coletivo para q8 funcionários
O encerramento do CAT neste final de ano vai levar o despedimento coletivo de 18 pessoas. Ficarão sem trabalho nos próximos dias a diretora da valência, uma psicóloga, uma motorista e 15 auxiliares.
Adelino Costa fala num "processo complicado" e na "pior coisa" que lhe aconteceu desde que lidera a misericórdia viseense. Ao JN, garante que a instituição não tinha condições para absorver esta mão de obra.
"Fui falar com as trabalhadoras há uma semana e foi terrível, mas não há alternativa. Não podíamos ficar com elas porque não precisamos dessas pessoas nas outras valências", argumenta.
Contra este despedimento coletivo, o Sindicato de Hotelaria do Centro promove esta quarta-feira ao final da manhã uma concentração de trabalhadoras junto ao CAT. A estrutura sindical defende que a Santa Casa de Viseu tem condições para empregar as funcionárias despedidas noutras valências da instituição.