<p>Proprietários da Vagueira (Vagos), que antes não conseguiam arranjar trabalhadores para as plantações de morangos, recebem pedidos de emprego quase diariamente. Função não requer qualificações, mas destreza e empenho.</p>
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A crise financeira e o aumento do desemprego vieram suprir a habitual dificuldade dos produtores da Vagueira em conseguir mão-de-obra para a apanha de morango, cuja campanha se inicia durante este mês de Março e deverá prolongar-se até Junho.
A Aromas de Portugal - Exploração de Hortofrutícolas, Lda., que cultivou aquele produto em nove hectares da Quinta da Vagueira (uma herdade com uma área total a rondar os 46 hectares, situada entre a ria e o mar), não tem mãos a medir com a quantidade de pedidos.
"Temos 20 trabalhadores fixos na empresa e vamos precisar de mais 40 a 50 pessoas para a apanha de morango. São vagas que devemos ir preenchendo ao longo dos próximos dois a três meses, consoante a produção. Geralmente temos dificuldades em conseguir pessoal, mas este ano recebemos cerca de 190 pedidos de emprego", refere Daniela Gonçalves, encarregada da exploração junto à praia vaguense.
Os candidatos, que se forem aceites vão receber o salário mínimo, foram sobretudo encaminhados pelo Centro de Emprego, mas alguns pedidos surgiram espontaneamente, como resposta ao cartaz afixado à porta dos escritórios que pede trabalhadores. "Tenho muitas pessoas a pedir e a dizer que precisam de trabalhar porque não têm dinheiro para comer", sublinha.
Os candidatos variam. "São pessoas dos 20 aos 50 anos, a maioria mulheres e com baixo nível de escolaridade. São quase todos da zona, mas alguns não têm transporte próprio e por isso são excluídos. São praticamente todos portugueses, temos poucos estrangeiros", diz Daniela. Segunda a encarregada, "o serviço não requer qualificações em especial, mas os trabalhadores devem ser pessoas com grande sensibilidade, porque a apanha é minuciosa e cuidada, senão estragam o produto, que é exportado para França". Por isso, e também porque "o trabalho exige algum esforço e resistência física, uma vez que se trata de movimentos repetitivos", a preferência recai em mulheres jovens.
Paulo Pereira, que explora os terrenos contíguos com produtos que vão desde o morango ao feijão-verde e melão, também admite que, actualmente, tem pessoas "a bater à porta quase diariamente". "Para a apanha de morango, que tenho cultivado em 10 hectares, vou precisar de 40 trabalhadores, mas as pessoas que aparecem nem sempre demonstram o empenho e destreza necessários, talvez por ser uma actividade sazonal", diz.