Se o recrutamento das Forças Armadas tem captado a atenção de muitos jovens, os cursos de formação de vertente mais prática, como soldadura, carpintaria, eletricidade e canalização têm registado pouca procura. Nos três primeiros dias, a Qualifica, feira de emprego e formação na Exponor, teve 35 mil visitantes.
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O balanço foi feito ao JN por Amélia Estevão, diretora de Marketing da Exponor, em Leça da Palmeira, Matosinhos, onde decorre até este sábado a Qualifica - Feira de Educação, Formação, Juventude e Emprego. No recinto há 159 expositores, de instituições de ensino e formação profissional, diversas entidades e empresas de todo o país.
“Um espaço muito importante é a área dedicada à orientação vocacional, que conta com o apoio de psicólogos e que acaba por ser uma mais-valia, dado o contexto de oferta de oportunidades que a feira apresenta", sublinhou Amélia Estevão.
Gabriela Ferreira é uma das responsáveis por apoiar jovens a perceber o que fazer no futuro. "Têm passado por nós adolescentes com interesse por todo o tipo de áreas. Já vêm com ideias muito predefinidas, mas com horizontes pouco alargados, querem algo específico, naquela faculdade, e não tentam procurar soluções ou hipóteses. Estamos a tentar ajudá-los nesse âmbito, a perceber a realidade com uma linguagem mais adaptada. Recebemos vários alunos do 9º ano, indecisos na área que vão seguir e com muito desconhecimento ao nível das saídas", explicou.
Nádia Alves e Pedro Ribeiro, alunos do 9º ano da Escola Básica e Secundária de Lousada Norte, estão "a explorar" e à procura de "um curso ligado a artes, design, design de moda e desenho criativo", de preferência profissional. Na Qualifica, visitaram vários expositores. Já Margarida Nunes, da mesma escola, ainda está indecisa quanto à área a seguir, "entre artes e ciências e tecnologias", e relativamente ao tipo de ensino, "profissional ou científico-humanístico", mas espera "encontrar respostas e soluções na feira".
A Qualifica conta com a presença do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), que apresenta uma mostra de formação ao vivo representativa da oferta dos oito centros de formação profissional da região norte, permitindo aos visitantes "experimentar uma profissão". Luís Machado, formador, partilha que alguns jovens "acham curioso o simulador de soldadora, fazem um pequeno teste e parte deles tem mesmo interesse pela área", mas, sobretudo, pessoas que já têm contacto com o setor, por exemplo, através de negócios da família. "Há alguma procura, mas não há tanta como devia haver. Em alguns cursos, há mais vagas do que pessoas a inscreverem-se", lamenta. Em contrapartida, as formações em tecnologias de informação são das mais procuradas.
“Nesta fase, muitos jovens têm bastantes questões sobre as candidaturas ao ensino superior, os exames nacionais e demonstram uma elevada preocupação com as médias de entrada na faculdade", observaram, por sua vez, os representantes da associação juvenil A Inspiring Future (Inspirar o Futuro), também presente na feira.
O recinto da Qualifica está aberto das 10 às 18 horas. A entrada diária custa 4 euros para maiores de 16 anos e os bilhetes podem ser adquiridos no balcão de receção do recinto.