Investimento da sétima ligação entre Porto e Gaia no patamar dos 29 milhões de euros. Acessos à infraestrutura ficam mais caros do que construir a própria travessia.
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O orçamento para a Ponte D. António Francisco dos Santos ainda não parou de aumentar desde que o projeto foi anunciado e situa-se agora no patamar dos 29 milhões de euros.
Após uma relocalização da infraestrutura - necessária para "dar cumprimento às recomendações técnicas da Agência Portuguesa do Ambiente" -, só as ligações à nova ponte implicam um investimento de 17,3 milhões de euros pelas Autarquias do Porto e Gaia, o que representa mais de metade do valor total.
O objetivo é aliviar o trânsito no tabuleiro inferior da Ponte Luís I, que continua à espera de obras de requalificação, e, ao mesmo tempo, resolver o elevado tráfego local na Ponte do Freixo.
Os custos elevados dos acessos justificam-se com a ligação da estrutura à rotunda da VL9, em Gaia. Aquele município deverá investir 11,5 milhões de euros em vias de acesso. Já no Porto, o valor fica nos 5,8 milhões. Feitas as contas, a construção perfaz um total de 29,3 milhões de euros. De acordo com a Câmara do Porto, o parecer favorável condicionado da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) chegou há pouco mais de um mês e o lançamento do concurso para a empreitada poderá acontecer ainda este ano, mas a realização da obra depende do visto do Tribunal de Contas.
O município portuense garante estar a terminar estudos com o Instituto da Construção e a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto de forma a elaborar os termos de referência e o programa preliminar que farão parte do futuro concurso.
O projeto terá de garantir, ainda, que a infraestrutura não terá qualquer impacto no escoamento dos caudais em caso de cheia.
"Questão técnica"
Sobre a luz verde condicionada da APA, a Câmara do Porto justifica: "Em fase de desenvolvimento de projetos, estes são sempre objeto de análise e aprovação de todas as entidades competentes". A Câmara de Gaia não respondeu às questões colocadas pelo JN, mas o autarca, Eduardo Vítor Rodrigues, considerou já tratar-se de "uma questão técnica que tem a ver com aquilo que consideram ser o local exato da implantação".
No entanto, e ainda de acordo com o autarca, no que diz respeito à APA, os "critérios técnicos" da nova ponte estão "alinhados", tendo ficado definida a altura do tabuleiro da ponte pela "versão da cheia do centenário". Ficará ligeiramente acima do tabuleiro inferior da Ponte de Luís I.
O projeto foi já por várias vezes contestado, principalmente por parte da Oposição da Câmara do Porto, que pediu à Autarquia que apresentasse um estudo de mobilidade sobre a estrutura. Até à data, afirmou o deputado da CDU, Rui Sá, ao JN, "não há nada"
"Não há projeto. O que há são ideias. Portanto, andamos aqui a trabalhar numa ficção", critica, ainda que considere o projeto válido se ajudar a transformar o tabuleiro inferior da Ponte Luís I numa passagem pedonal após a construção . Ainda assim, facto é que essa hipótese "ainda não foi discutida", assegura.
SABER MAIS
Declive
Admitindo que a estrutura nascerá entre a cota baixa do Porto (via marginal) e na cota alta de Gaia, o deputado Rui Sá prevê que a ficará inclinada.
Porto "dono da obra"
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, afirmou, em novembro, que seria o município o "dono da obra". O acordo permitiria que o Porto avançasse com o investimento. Gaia pagava depois.
Ferro e betão
Com um prazo de execução de quatro anos, a nova ponte sobre o Douro estaria pronta no final de 2022 ou início de 2023. Teria ainda faixas pedonais e uma ciclovia.