Debra Hillebrand ficou com o pé preso num metal da Ponte Luís I, no Porto. Pede agora uma indemnização à IP.
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Mais magra, psicologicamente desgastada e impossibilitada de mastigar alimentos sólidos. Um ano após tropeçar num metal saliente do tabuleiro inferior da Ponte Luís I, Debra Hillebrand, uma turista norte-americana de férias no Porto, ainda lida com as mazelas da queda que a internou cinco dias no Hospital de Santo António, onde foi operada de urgência.
Os tratamentos continuaram no país de origem após uma viagem "dolorosa" de regresso a casa. Desde então, já foi operada ao nariz e colocou um aparelho nos dentes com o qual vai ter de viver mais um ano e meio. Debra Hillebrand e o marido, Greg, exigem ser ressarcidos pelas despesas médicas. Só as intervenções no nariz e na boca rondaram os 16 mil dólares.
"A recuperação tem sido lenta. Não posso comer nada que tenha de trincar. Psicologicamente, também é difícil. Acordo de noite a recordar tudo, assustada e muito ansiosa porque foi tudo tão inesperado. Estávamos de férias e, de repetente, já estava no hospital, num país estrangeiro", contou Debra Hillebrand, que num ano perdeu 12 quilos.
Garantindo que "os danos resultantes do sinistro foram reclamados" à Infraestruturas de Portugal, entidade que tutela a ponte, Maria Lameiras Meireles, advogada do casal, adiantou que Debra "irá utilizar todos os meios legalmente possíveis à salvaguarda dos seus interesses na eventualidade da resposta não se revelar célere, adequada, satisfatória e proporcional".
Ao JN, a Infraestruturas de Portugal confirmou o contacto "relativamente à indemnização pretendida em razão de um acidente que terá ocorrido na Ponte D. Luís I". Acrescenta ainda que a "documentação enviada encontra-se em análise, não tendo ainda sido possível concluir a instrução do procedimento".
"Não mudou nada"
Há um ano, o casal tinha planeada uma viagem de 16 dias por Portugal e Espanha. Começaram no Porto. No entanto, ao quarto dia, o acidente impediu-os de prosseguir. Este ano, retomaram os planos e deixaram a Invicta para o fim.
O casal voltou a cruzar a ponte, mas o medo redobrou-lhes a atenção ao caminhar. Debra Hillebrand percorreu o tabuleiro inferior "muito devagar" e não escondeu o medo à passagem dos carros.
"Estou surpreendido. O pedaço de metal onde a bota da Debra ficou presa ainda lá está. Não mudou nada", criticou Greg Hillebrand, assumindo que outra das metas a atingir com a contratação da advogada é a realização de obras na estrutura, com o intuito de tornar "a ponte num lugar mais seguro para caminhar".
"Comecei a olhar com mais cuidado para a ponte à medida que a atravessávamos e há ali um problema de segurança. Não faz sentido andarem pessoas com os carros a passar por ali", lamentou o norte-americano.
Ninguém quis fazer obra por dois milhões
Tal como o JN noticiou, a Infraestruturas de Portugal está a preparar um novo concurso para reparar a Ponte Luís I, após o primeiro procedimento ter ficado deserto, com propostas acima do valor base de dois milhões de euros. A entidade aguarda ainda uma portaria do Governo a autorizar a "extensão de encargos, com um novo preço base", prevendo lançar o concurso no segundo trimestre.