Trabalhos na antiga empresa Máquinas Pinheiro, no centro da Trofa, provocaram queda de uma parede com cerca de cinco metros sobre a habitação.
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Uma família carenciada da Trofa ficou desalojada depois de os trabalhos de demolição da antiga fábrica das Máquinas Pinheiro, no centro da cidade, terem provocado, ontem de manhã, a queda de uma parede com cerca de cinco metros sobre a habitação.
"Deitaram a fábrica abaixo às três pancadas, e destruíram a cozinha toda. Está tudo destruído: nem frigorífico, nem comida, nada", disse ao JN Paulo Araújo, filho da inquilina da casa, contando que, "de manhã cedo", a mãe foi surpreendida pelos funcionários da obra, a informarem-na de que a família teria de sair da habitação porque iriam demolir a parede contígua.
Augusta Tavares e o companheiro, António Ferreira, saíram para o exterior da habitação com parcas condições, colada ao imponente edifício da fábrica e com configuração de "ilha", mas o filho mais novo, de 20 anos, ainda dormia, e só se apercebeu do sucedido quando se deu a derrocada.
"Na semana passada o empreiteiro disse-lhes que tinham de sair, porque tinham de deitar a parede abaixo. Mas foi só de boca. Não houve carta, telefonema, e nem disseram quando. Nada. Nessa semana, a minha mãe foi à Câmara para explicar a situação e pedir uma casa, mas disseram que as casas são só para emergências", relatou Paulo, indignado por a família não ter sido avisada atempadamente. "São pessoas sem condições para nada", lembrou o filho de Augusta Tavares, que arrendou a casa há perto de quatro anos, por 150 euros, metade do que o casal aufere por mês.
Agressões
"Se demolirem o resto da parede [da fábrica], vai o resto da casa. Querem que eles saiam daqui, mas eles precisam de uma casa", vincou Paulo, afirmando não ter condições para acolher a mãe, o irmão e o padrasto, doente crónico que teve de ser assistido pelos Bombeiros da Trofa por se ter sentido mal após agressões entre a família e operários da obra.
O vereador da Proteção Civil, Sérgio Araújo, afirmou que "esta família já estava sinalizada pelos serviços sociais há algum tempo" e garantiu à Lusa que, "num futuro próximo", vai atribuir ao agregado uma habitação social. Assegurou ainda que serão averiguadas as condições em que decorreu a demolição.