A descarga de sucatas transportadas por um navio oriundo da Rússia, no terminal portuário do Poço do Bispo, em Lisboa, deixou, na tarde desta quarta-feira, uma nuvem de poeira a cobrir a zona, originando o protesto do sindicato dos estivadores, população e presidente da Junta de Marvila. O Ministério do Ambiente e Ação Climática garante, no entanto, que o "risco é reduzido".
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O primeiro alerta foi dado pelo Sindicato dos Estivadores e da Atividade Logística (SEAL), em carta enviada ao Ministério do Ambiente e Ação Climática (MAAC), indicando a chegada ao terminal do Poço do Bispo esta quarta-feira, onde iria ser feita a descarga de "sucatas que por vezes apresentam índices de radioatividade".
José António Videira, presidente da Junta de Freguesia de Marvila, confirma que, durante esta quarta-feira, existiu realmente uma nuvem de poeira sobre aquela zona da cidade, que levou inclusive a queixas da população.
"Estive no local e falei com o comandante da Polícia Marítima, que me disse que o que estava a ser descarregado não eram sucatas", referiu o autarca, mostrando-se, no entanto, muito critico relativamente a esta operação.
"Estas descargas costumam ocorrer na Quimiparque, no Barreiro, que me parece um local mais indicado do que a cidade de Lisboa", destacou, acrescentando que disso mesmo deu nota ao vereador da Proteção Civil, na Câmara Municipal de Lisboa.
José António Videira sublinhou que, segundo a informação que lhe foi transmitida, o produto que estava a ser manuseado era sulfato de magnésio, que não é considerado perigoso. "De qualquer modo, pedi ao senhor vereador para contactar os responsáveis da Capitania do Porto de Lisboa para averiguar se existiam ou não condições de segurança", concluiu.
Origem potencialmente perigosa
Já o SEAL mantém a versão que apresentou na carta enviada ao Governo, onde afirma que "as sucatas têm origens desconhecidas, potencialmente perigosas por nelas serem, por vezes, detetados focos de emissão radioativa" e, por outro lado, chamou a atenção para o fato de as operações desta quarta-feira "não estarem a ser executadas por estivadores profissionais".
Ao JN, fonte daquela estrutura sindical acusou ainda a Administração do Porto de Lisboa (APL) de tentar "esconder o navio de carga perigosa". "As operações estão a decorrer a meio da tarde, mas no site oficial, à mesma hora, dizem que estão a aguardar entrada até às 23 horas, quando a essa altura já deve estar de saída", referiu.
O JN questionou o Ministério do Ambiente e Ação Climática sobre as operações em causa, mas fonte oficial daquela organismo reiterou a resposta dada há dois dias, afirmando que o "risco é reduzido" e que o "terminal do Poço do Bispo possui pórticos para deteção de radiação, ou seja, caso se encontre algum material radioativo nos camiões que transportarão a sucata metálica estes serão detetados à saída do terminal e o seu transporte cancelado".