O colector de esgotos que há mais de cinco meses está a despejar directamente no rio Tinto, em Gondomar, vai ser reparado esta semana. A solução é provisória e vai permitir travar as descargas até que sejam feitas obras mais profundas na zona da Levada.
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A reparação do emissário que ficou destruído nas cheias da madrugada de 22 de Dezembro do ano passado, na freguesia de Rio Tinto, vai ser feita antes de uma intervenção geral na Levada, junto ao Centro de Saúde. O estudo prévio para essa empreitada chegou na segunda-feira à Administração dos Recursos Hídricos (ARH) do Norte.
O custo da obra está estimado em 250 mil euros mais IVA e inclui a reconstrução do talude de 3,5 metros que foi totalmente arrasado pelas inundações, a reparação do emissário que drena águas residuais para a ETAR de Rio Tinto e ainda das margens e do passeio, que aluiu. É considerada a situação mais urgente entre os estragos causados pelas cheias na cidade.
A ARH/Norte terá de reunir com a Câmara, as Águas de Gondomar e a Metro do Porto para decidir que parte da obra caberá a cada uma das entidades, que só depois lançarão o respectivo concurso. Pimenta Machado, director do Departamento dos Recursos Hídricos do Litoral do instituto, disse, ao JN, que poderá o início da obra poderá ser daquia a dois a três meses.
A ARH/Norte admite terem sido as cheias "a pôr o rio Tinto na agenda", mas assume agora a reabilitação do curso de água como missão onde deposita "um enorme esforço", referiu Pimenta Machado. "A prioridade é retirar todos os focos de poluição. A cidade está de costas voltadas para o rio, é a fossa. Temos de criar um novo paradigma. Quando o rio tiver qualidade, as pessoas vão começar a vê-lo como uma mais-valia", explicou.
O vice-presidente da Câmara de Gondomar, José Luís Oliveira, referiu que a ETAR de Rio Tinto vai ser reparada. O Município procurou saber se as águas residuais da freguesia poderiam ser encaminhadas para a ETAR do Freixo, solução que as Águas do Porto não viabilizaram.
"Estar a transferir para o Porto problemas para daqui a dois ou três anos também não valia a pena", disse o autarca ao JN, explicando que, esgotadas outras hipóteses, se optou por reformular o funcionamento da ETAR rio-tintense e aumentar a capacidade. Entre as várias medidas tomadas depois de Dezembro, está a encomenda de uma auditoria à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto sobre as causas das cheias. É também à Universidade do Porto que a ARH/Norte pretende pedir mais um estudo que sirva de base a um projecto de renaturalização do rio.
Ocupação de margens é problema
Pimenta Machado disse ao JN que o objectivo é saber "que medidas podem ser tomadas para mitigar problemas de ocupação das margens e ver que condições há para pôr o rio a céu aberto nos locais onde for possível". Admite que um deles é a actual Avenida do Rio Tinto, a montante da Levada e junto ao local onde vai passar o metro.
"Que esta desgraça sirva ao menos para que dêem a devida atenção ao rio", comentou Marco Martins, presidente da Junta, dizendo-se disposto a colaborar com a ARH/Norte, ainda que a auditoria sugira demolições. "Se houver vontade de todas as partes, da ARH à Autarquia, as coisas podem avançar. Se for preciso chegar ao limite de demolir, temos de estar prontos para o explicar à população", afirmou.
