Na encosta da Ponte da Arrábida, em Gaia, um dos locais onde já arrancaram os trabalhos de escavação para a instalação dos pilares da futura travessia sobre o Douro reservada à Linha Rubi do metro, foram encontrados projéteis num núcleo associado às invasões francesas. A população visitou este sábado as obras na VL8.
Corpo do artigo
Já há acessos cortados em Gaia por causa das obras de construção da Linha Rubi do metro do Porto. O traçado, que ligará pela segunda vez as cidades do Porto e Gaia, prolonga-se entre a Casa da Música e Santo Ovídio e conta com várias ruas cortadas e ocupadas por escavações. Numa dessas áreas, na encosta da Ponte da Arrábida, em Gaia, onde vão assentar os pilares da nova travessia a erguer sobre o Douro, foram encontrados projéteis. Naquela zona, explica o presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto, Tiago Braga, estava já identificado "um núcleo associado às invasões francesas: a fortificação do Verdinho". Lá, foram encontradas balas.
Tiago Braga falava aos jornalistas à margem de uma visita às frentes de obra da Linha Rubi ao longo da VL8, em Gaia. Cerca de três dezenas de moradores e curiosos aderiram à iniciativa, em parceria com a Câmara de Gaia. Esclareceram dúvidas sobre a obra e até mesmo sobre o que vai acontecer nas ruas onde vivem, partilhando mesmo endereços de e-mail com o próprio presidente da Metro no sentido de terem acesso aos projetos.
O objetivo, observou Tiago Braga, é tornar "transparente" a forma como os trabalhos decorrem: "Nada melhor do que vir ao terreno, dar a cara, apresentar as ideias-chave do projeto, reafirmar a importância do mesmo e explicar um bocadinho da intervenção que projetamos e estamos a construir na VL8, entre as nossas estações da Arrábida e da Rotunda Edgar Cardoso".
Para o presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, a VL8 "foi desenhada num tempo em que a lógica era rodoviária". "O objetivo da cidade não pode ser esse. Tem de ser de permeabilidade das pessoas, dos residentes e das atividades económicas. Acho que é de facto uma nova cidade que se constrói deste lado", nota o autarca.
"De facto, é uma obra muito impactante. Exemplo disso são os 200 mil metros cúbicos de terras e solos que vamos ter de escavar só na rotunda da VL8. Representa um quarto do que vamos escavar em toda a empreitada. Já há muitos constrangimentos e vão sendo crescentes durante um período largo. Estamos a falar de mais de dois anos", admitiu Tiago Braga.
Traçado retirará 15% do trânsito da Ponte da Arrábida
Numa altura em que o cumprimento de prazos das obras do metro está na ordem do dia, o presidente da empresa clarificou o calendário da Linha Rubi: "São 33 meses de execução mais três meses de pré-operação. O prazo contratual termina no dia 9 de janeiro de 2027. Aquilo que estamos a fazer, inclusivamente, é procurar antecipar cerca de um mês a conclusão da empreitada para termos mesmo, ainda no final de 2026, a linha operacional".
Certo é que, no caso de existirem eventuais atrasos motivados pela imprevisibilidade de qualquer obra, Eduardo Vítor Rodrigues diz estar preparado. "A meteorologia não somos nós que decidimos e isso pode impactar negativamente numa obra com construção, por exemplo, à face da estrada, e onde é necessário conciliar a obra com a circulação, com as pessoas, o shopping [Arrábida], etc. Não estamos a fazer uma obra em espaço virgem", observou o presidente da Câmara de Gaia. Garante, contudo, um trabalho "ativo" para "que as coisas corram bem".
Quando concluída, perspetiva-se que a Linha Rubi consiga retirar cerca de 15% do trânsito da Ponte da Arrábida. "Estamos a falar de cerca de 5,5 milhões de utilizadores de transporte individual por ano", clarifica, adiantando uma estimativa de 12 milhões de clientes para este traçado.