Militantes antifascistas e saudosistas do ditador António Salazar manifestaram-se na sexta-feira à mesma hora, pacificamente, no centro de Lisboa, sem se encontrarem, apesar de terem chegado a estar a apenas um quilómetro de distância. No final, foi a Esquerda a ganhar a batalha dos números.
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Entre o Rossio e o Largo de Camões, algumas centenas de pessoas - as autoridades falam, oficiosamente, em cerca de 350, a organização em mais de 500 - marcharam lembrando Alcindo Monteiro, português natural Cabo Verde espancado até à morte por um grupo de skinheads em 1995, no Bairro Alto, também em Lisboa.
Já entre o Largo do Rato e a Assembleia da República desfilaram pouca dezenas de simpatizantes do movimento de extrema-direita Nova Ordem Social, liderado pelo nacionalista Mário Machado, em homenagem ao antigo chefe de Governo.
As manifestações, que decorreram a partir das 19.00 horas sob chuva intensa, aconteceram uma semana depois de, igualmente em Lisboa, cerca de 25 apoiantes do Partido Nacional Renovador (PNR) terem gritado na rua que é este único partido nacionalista português, ainda no rescaldo dos acontecimentos do último dia 20 no bairro da Jamaica, no concelho do Seixal.
Uma intervenção da PSP parcialmente gravada em vídeo reacendeu então o debate em torno do racismo e da violência policial em Portugal, com as posições a extremar-se ao longo dos dias entre apoiantes e críticos da atuação das autoridades.
Na sexta-feira, foram centenas a gritar palavras de ordem como "fascistas, racistas, fora das nossas vidas" e "nazis, fascistas, os imigrantes ficam e vocês vão embora".