Até ao final deste ano deve arrancar a operação de despoluição do rio Leça, tendo como base um financiamento de quatro milhões de euros de fundos comunitários, garantiu o vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Pimenta Machado.
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Um trabalho que passará por "remover espécies vegetantes, retirar todo o lixo que existe, como plástico e pneus, melhorar as condições de drenagem, desassorear aqui e acolá, cuidar das margens mais erodidas, para tentar recuperar o melhor possível a qualidade da água", explicou o vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, este sábado, à margem da inauguração da primeira fase do Corredor Verde do Leça, entre o Parque das Varas, em Leça do Balio e a Ponte de Moreira, na Maia, e que contou com a presença do ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, e dos presidentes de Câmara de Matosinhos, Maia, Santo Tirso e Valongo.
De acordo com Pimenta Machado "o projeto está feito", estando agora a "prepara-se o lançamento dos concursos, para começar o mais rápido possível", até porque "os quatro milhões de euros financiados a 100% têm de ser investidos até o final de 2023".
Por agora, o trabalho tem sido "falar com as entidades gestoras das estações de tratamentos de águas residuais e com empresas", referiu o mesmo responsável.
Já o fundo, especificou, "vem do REACT uma verba adicional disponibilizada pela União Europeia por conta da crise pandémica, e que dirigimos em particular para o rio Leça, dado que este projeto tem uma natureza muito especial, com três objetivos: melhorar aquilo que é fruição - é muito importante a comunidade usufruir do rio -, ao mesmo tempo recuperar a qualidade da água e depois recuperar os ecossistemas".
Momentos antes, durante a cerimónia oficial de inauguração do primeiro troço do Corredor Verde do Leça, o presidente da Câmara da Maia, Silva Tiago, havia apelado ao ministro do Ambiente para a necessidade de ir "preparando um cheque" para fazerem "o resto" que falta do projeto. E sublinhou: "O resto ainda é muito".
Questionado pelo JN se haverá mais verba disponível, esgotados os quatro milhões de euros em 2023, Pimenta Machado respondeu: "O caminho faz-se caminhando. Seguramente que haverá novas oportunidades, novas fontes de financiamento para todos continuarmos este trabalho de uma grande exigência, mas que é uma grande oportunidade, que poderá ter um efeito replicador noutras regiões". E acrescentou: "Sabemos que é difícil, porque é uma tarefa que nunca está acabada, porque há sempre alguém, por acidente ou por negligência, que faz uma descarga para o rio e isso compromete a qualidade da água".
Ministro "impressionadíssimo" com projeto
Duarte Cordeiro manifestou que ficou "impressionadíssimo com aquilo que representa este corredor verde no futuro", enaltecendo que "este trabalho não teria sido melhor se não fosse feito à escala local".
Já Luísa Salgueiro, presidente da Câmara de Matosinhos, lembrou que este foi "um projeto sonhado pelo antigo presidente, Guilherme Pinto", e que "muitas vezes" chegou a ver o rio "com muitas cores", tanto que "já o achava perdido".
Confiante que a verba necessária para a execução das fases seguintes do troço [Ponte de Moreira/Ponte do Carro e Ponte do Carro/Leça da Palmeira] vai chegar "naturalmente", a autarca não deixou, ainda assim, de salientar que as Autarquias que compõem a Associação de Municípios Corredor do Rio Leça (composta por Matosinhos, Santo Tirso, Maia e Valongo), e da qual é atuamente a presidente, "quase não têm orçamento".
Tanto que Luísa Salgueiro deixou um recado a Duarte Cordeiro: "Quero deixar um compromisso que tem em nós uns aliados, mas precisamos de recursos financeiros e de agilidade nas respostas".