O espaço onde funcionou a discoteca Swing, no Porto, está de novo à venda. Nas mãos de um fundo imobiliário, o imóvel localizado no Parque Itália tem agora o preço de 372 mil euros.
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O Swing, encerrado há dez anos, foi uma das mais famosas discotecas do país. Por lá passaram músicos e atores. J.K. Rowling, autora da saga Harry Potter, frequentou a casa de diversão noturna, onde foram também filmadas algumas cenas do filme "O lugar do morto". Desses tempos áureos, dos grandes espaços de diversão portuense, restam hoje apenas a discoteca Indústria, na Foz, o Batô, em Leça, e o Griffon"s, localizado agora em plena Baixa.
Quando o Swing abriu portas, em 1981, existiam no Porto apenas três espaços do género: o Batô, o Twins e o Griffon"s, que funcionava desde 1979 no Centro Comercial Brasília e onde se faziam filas intermináveis à porta. "Havia pouca oferta, porque havia menos pessoas a sair à noite. Os que saíam eram sempre os mesmos e faziam-no para criar uma movida", conta o empresário Carlos Machado, proprietário do Griffon"s.
O Swing veio revolucionar a noite portuense e são muitos os que ainda olham com nostalgia para a porta da discoteca que ostenta a placa da imobiliária. "Tem sido difícil fazer a venda mas achamos que este será o momento porque a zona da Boavista está a atrair a atenção dos investidores", refere Jorge Soares, da DS Imobiliária.
"A Boavista vai ter o seu momento, disso ninguém tem dúvidas, e não é por acaso que está já muita gente a preparar projetos para aquela zona da cidade que beneficiará de uma nova linha de metro e de uma loja do El Corte Inglés", fiz António José Fonseca, presidente da Associação de Bares da Zona Histórica do Porto.
Carlos Machado é da mesma opinião. "Será o local onde, após a pandemia, nascerá uma nova movida. Diferente da que existe na Baixa, mais seletiva", considera o empresário.
Chuva de moedas
Durante as décadas de 70, 80 e 90 a Boavista, a par da Foz, era a zona mais moderna da cidade e casas de diversão noturna como o Swing atraiam pessoas de toda a região Norte. Estavam ali o Griffon"s e o Glassy, ambos no Brasília, o Coqueiro e o Splash, no Centro Comercial Dallas, a D. Urraca e o Twins, na Foz.
Em junho de 2007, um problema elétrico resultou num incêndio que destruiu o Swing. Reabriria três anos depois, mas não aguentou a forte concorrência que já vinha sofrendo das grandes discotecas instaladas na zona industrial.
"Nos últimos tempos, o ambiente já não era o mesmo. Era mais pesado. Havia muitas vezes sangue pelo chão e nas paredes. Um dia de manhã, um cliente já bebido entrou pelo salão de cabeleireiro e não queria sair", conta Alberto Machado, comerciante do Parque Itália.
"O conceito foi alterado nos últimos anos. O turismo e a requalificação urbana levaram a animação para o centro da cidade que está já um pouco saturado de espaços mais pequenos e onde as pessoas vão por mera diversão. Hoje dança-se ao som de tudo. Naquela altura, quando o DJ mudava a onda musical choviam-lhe moedas na cabeça", conta Carlos Machado, que chegou a comprar discos em Londres para passar no Griffon"s.