<p>A Coindu, empresa têxtil que produz para a indústria automóvel, tem em curso um processo de despedimento colectivo que deverá abranger cerca de quatro centenas de trabalhadores das unidades de Famalicão e Arcos de Valdevez.</p>
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"Hoje foi o meu último dia de trabalho", disse uma trabalhadora pouco depois de abandonar o turno, na unidade altominhota às 16 horas. "Recebi a carta esta manhã e percebi que ia haver dispensa de muitos trabalhadores, entre os quais eu", disse ainda, sem querer identificar-se.
Embora a administração da empresa não tenha feito, ontem, qualquer comentário, reservando para o dia de hoje o envio de um comunicado à imprensa, poderão ser cerca de quatro centenas, o número de trabalhadores dispensados, disse a funcionária.
"Agora vou ficar em casa a aguardar uma segunda comunicação da empresa para iniciar o processo de despedimento e consequente inscrição no centro de emprego", referiu algo desolada.
Esta "é uma situação nada agradável e que estava prevista, pois o administrador já tinha previamente anunciado a possibilidade", disse Branco Viana, da União de Sindicatos de Viana do Castelo. "Agora concretizou-se a intenção e estaremos atentos para que se cumpra a lei", disse ainda o sindicalista.
Para centenas de trabalhadores, o turno que ontem fizeram foi o último. A COINDU é uma empresa de componentes e acessórios para veículos automóveis, ligada ao sector têxtil, instalada na Zona Industrial de Padreiro, tendo outra unidade situada em Joane, Famalicão. Chegou a estar referenciada entre as mil maiores empresas do país, mas a escassez de encomendas aliada à grave crise que afecta o sector terão sido justificações dos despedimentos dadas aos trabalhadores na carta que estes receberam.
Segundo o coordenador do Sindicato Têxtil, Francisco Vieira a empresa "fez tudo para evitar" o recurso ao despedimento colectivo mas tal não foi possível. Nos últimos tempos a indústria não tem renovado os contratos a termo e tem feito paragens na produção utilizando o banco de horas. "Mesmo com banco de horas e redução da actividade não se encontrou solução para o problema", disse o sindicalista frisando que a "crise que afecta o sector automóvel" é alegada pela Coindu. De acordo com Francisco Vieira o intuito da Coindu é começar a funcionar apenas num turno em Arcos de Valdevez (com excepção do corte) e acabar com a situação de redução de trabalho nas unidades de Famalicão.
"Na comunicação e fundamentação enviada aos trabalhadores a empresa dá sinais de que se o mercado melhorar poderá voltar a chamá-los", notou Vieira.