O Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental da Guarda funciona num edifício construído há mais de 100 anos e os doentes, além de falta de conforto, estão em risco, por falta de condições de segurança.
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"O que temos não é deste tempo, porque não há saídas de emergência nem plano de segurança em caso de incêndio", referiu Pissarra da Costa, o médico psiquiatra que dirige a unidade. "Esperamos que não aconteça nada, mas se acontecer não temos como retirar os doentes", precisou o diretor do Departamento de Saúde Mental da Guarda, sabendo que o internamento, com capacidade para 26 utentes, está no primeiro andar de uma casa sem elevador, nem rampa de acesso com inclinação aceitável. E não é tudo. "Cada enfermaria tem três camas e apenas uma casa de banho, a sala de espera para a consulta externa só admite seis pessoas e durante a pandemia fomos forçados a improvisar, encaminhando os utentes para a garagem que temos aqui ao lado, evitando que as pessoas ficassem na rua sujeitas à chuva e ao frio", relatou também o diretor.
Pissara da Costa elencou ainda a falta de sistema de alarme e barras de apoio nas instalações sanitárias e alguns sinais de insalubridade do edifício onde há humidades e cheira mal. "Diante disto, há doentes que chegam aqui e recusam ficar internados, o que nos incomoda muito", garantiu o médico psiquiatra que dirige a unidade.
Intervenção "imediata"
O relatório de carências foi entregue ao diretor do Plano Nacional de Saúde Mental que visitou a unidade da Guarda e reconheceu a necessidade de intervir rapidamente na estrutura. "Precisa de ser expandido onde tenha áreas sociais e hospital de dia", exemplificou Miguel Xavier, que não aprovou o projeto apresentado pela Administração da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda. "Era um projeto inspirado nos velhos hospícios com corredores sem fim", reagiu o diretor do Departamento de Saúde Mental da Guarda.
Já Administração admitiu também que a oportunidade tem de ser aproveitada. "Evidentemente que a Unidade Local de Saúde irá requalificar mais um edifício e dar condições dignas aos utentes que são tratados na nossa unidade", afirmou António Monteirinho, membro do Conselho de Administrador.
O Ministério da Saúde identificou no país 20 unidades de saúde mental onde é preciso intervir, sendo que as primeiras estão localizadas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e em Portalegre.
Pormenores
Utentes
Departamento de Saúde Mental da Guarda tem 26 camas para 143 mil utentes de 14 concelhos do distrito.
Internamentos
A unidade assegurou em média 388 internamentos anuais com uma duração média de 17 dias.
Outras carências
Não há sala de urgências, gabinete de perícias médico-legais da especialidade nem terapeutas ocupacionais.