<p>O parque de estacionamento da Avenida 24, no centro de Espinho, está a transformar-se num mercado de droga a céu aberto, onde acorrem já toxicodependentes de localidades limítrofes que depois vão consumir para o degradado Palacete Rosa Pena.</p>
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O fenómeno dá-se em pleno coração da cidade, praticamente frente ao Tribunal, a uns meros 50 metros da Câmara, entre duas agências bancárias e num local de passagem de centenas de estudantes do liceu. Todos os dias, moradores e trabalhadores dão de caras com operações de compra e venda de droga no parque de estacionamento da avenida da feira, entre as ruas 19 e 11, à vista dos que quiserem ver. Tudo piorou quando foram instalados os parcómetros na cidade e aquele espaço passou a ser um dos poucos onde o estacionamento é gratuito.
"Primeiro vê-se um ou outro arrumador fazer uma chamada de telemóvel e, poucos minutos depois, lá aparece um carro ou até mesmo alguém de bicicleta que faz a venda e tão depressa chega como depressa se vai embora. Depois, é um corrupio a caminho do Palacete Rosa Pena, que é ali mesmo ao lado, para consumirem o que compraram", contou ao JN, Avelino Zenha, um morador cansado de assistir diariamente a cenas idênticas.
"E como se tal não bastasse, chegam a ser perigosos para com as pessoas que deixam os carros no parque. Praticamente obrigam as pessoas a dar-lhes moedas, e não pode ser uma moeda qualquer, e quando não o fazem, não têm pejo em riscar-lhes os carros e até a assaltá-los", continuou.
Uma situação que, porém e segundo o comandante da Divisão Policial de Espinho, João Cristina Marques, não resulta num grande número de queixas. "Não temos notícia de coação, nem de furtos no interior dos automóveis", diz.
"As pessoas não se queixam porque têm receio. Vive-se ali um enorme clima de medo. A mim, por exemplo, já me ameaçaram de morte uma série de vezes", argumenta Avelino Zenha.
A situação levou, porém, há já alguns meses, a que PSP levasse a cabo uma operação que teve por resultado, após buscas domiciliárias, quatro detenções, encontrando-se dois dos indivíduos ainda em prisão preventiva.
"Infelizmente, tivemos de deixar a situação piorar para podermos reunir prova suficiente para avançar com a operação. Foi um mal necessário, mas agora julgamos que o fenómeno está controlado. A zona é objecto de patrulhamentos diários", explicou João Cristina Marques.
Avelino Zenha, e outros moradores ouvidos pelo JN que preferiram manter o anonimato, "por medo de retaliações", consideram, por sua vez, que o fenómeno está longe de estar controlado.
"Alguns dos indivíduos que ali aparecem são meros arrumadores, que lá estão apenas pela moedinha, mas outros são claramente 'dealers', se não mesmo traficantes. E percebe-se que muitos nem sequer são de Espinho, vêm de outros concelhos de propósito para comprar droga ali", contou ao JN, uma moradora.