O elevado risco de crimes de ódio durante o arraial LGBTI+ no Porto, que decorreu a 29 de junho, terá motivado a PSP a reforçar o seu dispositivo policial. O custo seria de cinco mil euros. Com a mobilização da Polícia Municipal, desceu para metade. A Câmara do Porto aprovou apoiar a comissão organizadora.
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O Executivo do Porto foi, esta manhã de segunda-feira, unânime em apoiar a associação Sopro Combativo a pagar o policiamento destacado para o arraial LGBTI+, que decorreu a 29 de junho no Largo Amor de Perdição. Face às "ameaças e vulnerabilidades" da iniciativa, a PSP reforçou o seu dispositivo e a verba inicial desses serviços gratificados rondava os 5300 euros, de acordo com a agência Lusa.
No ano passado, adiantou o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, a despesa foi de 700 euros. Tanto o autarca como vários vereadores consideraram o valor elevado, debatendo mesmo se é correto imputar o custo do policiamento "às potenciais vítimas".
Para reduzir o número de efetivos da PSP, foi mobilizada a Polícia Municipal. Assim, o custo diminuiu para os 2500 euros. O Município vai apoiar a organização com 1500 euros e a associação Sopro Combativo assegura os mil euros restantes.
"Se a PSP entende, e terá as suas razões, que há hoje um risco maior de crimes de ódio, isso cai dentro das competências da PSP", considerou o autarca portuense. "O espaço público é de todos nós. Se há um risco acrescido, isso não pode ser faturado", acrescentou Rui Moreira.
Pelo Bloco de Esquerda, Maria Manuel Rola considerou: "Se o perigo aumenta, a solução não pode ser aumentar o valor da segurança para pessoas que se manifestam livremente na rua e que não têm como a pagar". A vereadora disse ainda esperar que o assunto possa ser discutido na reunião entre o presidente, Rui Moreira, e a ministra da Administração Interna, marcada para esta semana.
Pelo PSD, a vereadora Mariana Macedo disse concordar com a atribuição do apoio, mas apelou a que não se desvirtuasse a posição da PSP.
Também a vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, admitiu que a cidade corre "sérios riscos, por causa de fenómenos que se estão a multiplicar", sugerindo que a alternativa é a de que, quem se manifesta hoje, "deixe de o fazer" no futuro. "Não podemos de modo nenhum criar precedentes que possam tornar a cidade do Porto num espaço onde é difícil ou quase impossível fazer iniciativas públicas no espaço público", considerou.
Rosário Gambôa, vereadora do PS, vê "a segurança como uma questão de soberania", rejeitando que o custo de proteção das pessoas que se manifestam deva ser debitado aos próprios. "Se [este assunto] não for atacado, compreendido e desmontado com tempo, pode ser absolutamente grave", perspetivou.