Referendo local realiza-se no próximo domingo. População aparenta estar dividida entre o sim e o não.
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"Concorda com a reabertura da ponte romana de Chaves ao trânsito de veículos automóveis ligeiros, num único sentido?". A pergunta para resposta de sim ou não é a que vai ser colocada no referendo local aos flavienses no próximo domingo. As opiniões dividem-se.
Há quem se bata por manter a milenar travessia do rio Tâmega como pedonal, o que acontece desde 2008, e quem pugne por ver carros a passar, porque entende que o comércio da zona envolvente perdeu muito desde que foram proibidos.
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Ana Pascoal tem negócio há 40 anos na Madalena, freguesia que fica na margem esquerda do rio. A poucas dezenas de metros da ponte tem uma agência funerária e também vende flores. Recorda com saudade os tempos dos "dois sentidos de trânsito, com autocarros, camiões e tudo". Há 12 anos a travessia de 150 metros de comprimento tornou-se exclusivamente pedonal e o negócio caiu. "Antes, e ainda só era florista, fazia três cargas por semana. Tinha muita clientela. Hoje não faço uma por mês", lamenta.
A comerciante acredita que a culpa é do encerramento da ponte ao trânsito de automóveis. "As pessoas chegaram a dizer-me que lamentavam, que gostavam muito de mim, mas que agora tinham de dar uma volta de 800 ou 900 metros para vir à loja e que tinham o mesmo serviço mais perto".
Ana desafia: "Se falar aqui com o pessoal das lojas da Madalena que está cá desde aquela época todos dizem o mesmo". Mas não dizem. Uns porque não querem emitir opinião. "Temos uma porta aberta, sabe como é, temos de viver com todos", confessa o dono de um café. Outros porque falaram à Comunicação Social local e depois foram "acusados de ser do partido A ou B". Por isso, preferem não se pronunciar, a não ser pela calada do voto.
Mas Ana Pascoal, que não se mete em "políticas e futebóis", fala com veemência, porque "se não fosse a funerária a florista já tinha fechado há muito". "Se Deus quiser votarei a favor e estou a influenciar muita gente para que o faça também".
Na outra extremidade da ponte, já em Santa Maria Maior, Nélson Chaves olha para os tempos dos dois sentidos de trânsito e discorda. "Por muito que digam na Madalena que vão ser beneficiados, não vão". "Ai vão, vão", contrapõe Maria de Fátima, acentuando que "a Madalena está fechada, não tem nada e os comerciantes fazem pouco negócio". Nélson vai votar "não", mas se o sim ganhar adivinha outro problema: "Qual é o sentido de trânsito. Da cidade para a Madalena ou ao contrário?"
Questão que deve ter resposta após referendo local do dia 13 de setembro, um compromisso eleitoral do atual Executivo socialista, liderado por Nuno Vaz. O autarca não quer revelar a sua intenção de voto para "não influenciar decisões".