Neonatologia ao lado da sala de partos garante ação médica rápida. Pais com privacidade elogiam condições.
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Sentado no colo do pai, Tomás, de 18 meses, brinca como se na sala de estar de casa estivesse. E esquece-se de que, afinal, dois pisos acima, fica o quarto onde, há um mês, foi internado. Nos últimos seis meses, aquele lugar já foi o refúgio de mais de mil crianças, tantas quantos os internamentos que a nova ala pediátrica do Hospital de S. João, Porto, recebeu desde a inauguração, em dezembro.
Embrulhado em pensos e ligaduras, Tomás ocupa-se no "faz de conta" e dá um biberão a um nenuco. Queimou-se com água a ferver. "Conseguiu, em bicos de pés, chegar ao tacho que estava no fogão. Tinha pegas largas", contou Bruno Ferreira, de 31 anos. Um episódio que o pai descreve como "traumatizante", mas que foi atenuado no S. João, na primeira unidade pediátrica de queimados do Norte.
serenidade e calma
"Até custa a acreditar como é que sobrevivemos dez anos naquelas condições. Faz toda a diferença. Sentimos logo isso nos primeiros dias em que mudámos: uma sensação de serenidade, de calma, de silêncio", recorda Eunice Trindade, diretora do serviço de Pediatria. Em todos os cinco pisos do edifício, - oficialmente inaugurado em dezembro mas que recebeu as primeiras 21 crianças no mês anterior -, há ligação com o hospital central. A Neonatologia, "estava na outro ponta" e agora fica a uma porta de distância da urgência de Obstetrícia e Ginecologia. "Se houver algum problema num parto, o bebé vai direto para os cuidados intensivos sem ter que atravessar o hospital todo", reforça Manuel Melo, administrador da Pediatria.
Além disso, em episódios de urgência pediátrica, "tínhamos de pôr as crianças dentro de uma ambulância para as internar e levar para o outro lado. Agora é subir um piso, de elevador", observa o administrador.
As enfermarias já não são "abertas para um corredor" e foi devolvida a privacidade aos pais. "Passamos de uma casa de banho para os pais todos que estavam no internamento para uma em cada quarto", refere Eunice Trindade.
Mas a par do "upgrade" do edifício, houve "um investimento grande na monitorização central dos doentes". Ou seja, "todos podem estar ligados com sinais vitais a uma central e as enfermeiras têm uma estação, onde podem estar a trabalhar num computador, e têm acesso à monitorização dos meninos que estão nos quartos".
"guia de acolhimento"
E na sala de brincar, onde Tomás se entretém, além de espaços dedicados ao estudo, puzzles e videojogos, há uma sala snoezelen. O espaço multissensorial pode ser utilizado pelos pais, para relaxamento, mas é especialmente importante para crianças com necessidades especiais.
As valências são tantas, que há pais que só as descobrem quando os filhos estão a dias de receber alta. É essa a única coisa a apontar por Raquel Nadais, que sugere um "guia de acolhimento" para os pais. "Vim a saber muito depois que os pais podem comer na cantina do hospital", lamentou a médica de família, de 41 anos, enquanto o filho José, de seis anos, estuda. Uma apendicite levou a família de Aveiro até ao Porto.
A saber
1000 cirurgias realizadas
Entre cirurgia pediátrica, cardíaca, estomatologia e ortopedia, na ala pediátrica do Hospital do S. João já se realizaram mil intervenções.
Equipamento
Com uma "casa maior", foi também necessário adquirir mais equipamento. No total, em blocos operatórios, incubadoras, camas, foram gastos dois milhões de euros.
Nariz Vermelho
Com "livre trânsito", dois palhaços da Operação Nariz Vermelho circulam por toda a ala pediátrica. Cantam, dançam e animam as crianças em tratamento e nas salas de espera.
Professores
Com uma área dedicada ao estudo, a Direção Regional de Educação colocou três professores na sala de brincar.