Empreitada, orçada em 1,7 milhões de euros, que arrancou em fevereiro, está a correr "dentro do previsto", apesar da falta de material. Equipamento vai trabalhar 24 horas por dia.
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A obra do heliporto do Centro Hospitalar Universitário de S. João (CHUSJ), no Porto, "está a correr dentro do previsto" - apesar da condicionante da falta de alguns materiais, como a aparelhagem eletrónica dos elevadores - e deverá ficar "concluída até o final de dezembro". Todavia, por conta dos licenciamentos, testes e vistorias necessárias à infraestrutura, esta só deverá começar a receber doentes "em abril". Atualmente, em Portugal, existem 38 heliportos hospitalares, mas 10 não têm condições para receber voos noturnos de emergência médica.
Segundo explicou ao JN Jorge Sousa, diretor do Serviço de Instalações e Equipamentos do CHUSJ, também a construção do heliporto tinha duas condicionantes: "Por conta dos dois cones (linhas invisíveis no ar que definem as áreas de aproximação e levantamento, um a noroeste e outro a nascente) , a sua amplitude de inclinação não permitia ter obstáculos pela frente". Por isso, conta o mesmo responsável "foi preciso tratar da desativação de um poste de alta tensão (que estará prevista para novembro), que atravessa a Circunvalação, a 400 metros do hospital, e deslocar uma torre de comunicação.
"O heliporto que está a ser construído terá uma zona de aterragem com 1300 metros quadrados. O custo mantém-se o mesmo"
Do mesmo modo, foi necessário "colocar o heliporto numa plataforma elevada a seis metros e com um pátio com largura de 25 por 25 metros, e não ao nível do solo como é habitual". Isto porque era fulcral "ter um perímetro de segurança", de modo a que "as deslocações de ar das pás dos helicópteros não interferissem com a circulação de ambulâncias e pessoas nesta zona", referiu Jorge Sousa. Trabalho esse feito em sintonia com a ANAC (Autoridade Nacional de Avião Civil).
Já no final deste mês, arranca a construção da manga, "uma estrutura metálica, translúcida e fechada, de ligação direta entre o heliporto e a Urgência", disse o mesmo responsável, dando conta de que na empreitada estão a trabalhar cerca de 40 funcionários "das mais diversas especialidades".
"todo o minuto conta"
Apesar de ser o hospital de referência e de fim de linha da Região Norte, o S. João ainda não permite aos doentes transferidos uma ligação direta por via aérea, tendo de aterrar no Hospital de Pedro Hispano, em Matosinhos, ou no heliporto que existe na margem do rio Douro, em Massarelos.
"É mais uma funcionalidade que tem de ser posta ao serviço dos doentes e queremos evoluir ao nível de receber mais"
Todavia, "nem todos os helicópteros do INEM podem aterrar lá", sublinhou Nélson Pereira, diretor do serviço de Urgência do CHUSJ, comentando, por isso, a relevância desta empreitada, que "chega tarde". "Já em 2003/2008, quando assumi funções de dirigente no INEM, se falava da importância desta obra", vincou.
O clínico lembra que a viagem por estrada entre o Hospital de Pedro Hispano e o S. João "leva 15 minutos", sublinhando que "num doente crítico todo o minuto conta".
No atual procedimento ainda acresce "o problema de a pessoa ter de passar por um duplo transbordo de ambulância para helicóptero e de helicóptero para outra ambulância até chegar ao nosso serviço". "O que na realidade pode demorar 30 a 40 minutos".
Nélson Pereira lembra que "um doente a cada dois dias chega ao Porto por helicóptero", vincando que o heliporto "é mais uma funcionalidade que tem de ser posta ao serviço dos doentes".
De realçar que o heliporto do CHUSJ, estrutura que está localizada entre o edifício de pediatria e a Urgência geral, funcionará 24 horas por dia, passando a receber aeronaves com doentes urgentes graves provenientes da Região Norte.
Detalhes
Financiamento
O projeto, orçado num valor total de 1,7 milhões de euros, será cofinanciado pela União Europeia através do Fundo Europeu para o Desenvolvimento Regional, com o apoio da CCDR-N.
Anúncio da obra
A 11 de dezembro de 2021, no dia em que foi inaugurada a ala pediátrica, o primeiro-ministro aproveitou a ocasião para anunciar que o Centro Hospitalar Universitário S. João ia deixar de ser o único estabelecimento central de saúde do país que não tinha heliporto.
Tecnologia médica
Sob a estrutura do heliporto será criado "um hub" de mobilidade vertical em urgência, com apoio do CEiiA (Centro de Engenharia e Desenvolvimento), que irá promover o desenvolvimento de tecnologia médica. Mas esta empreitada "é um processo paralelo que ainda não está fechado e por isso ficará para depois", disse Jorge Sousa.