Em Vila Chã da Ribeira, aldeia de 29 habitantes, já não se usa máscara, a não ser quando chega alguém de fora e na missa.
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Com 100% da população vacinada contra a covid-19, rejubilou-se em Vila Chã da Ribeira, aldeia da freguesia de Algoso, Campo de Víboras e Uva, no concelho de Vimioso. Terra pequena, com 29 habitantes, o despovoamento foi útil, pelo menos, uma vez, por permitir um distanciamento social considerável. Mesmo assim, o representante da Junta de Freguesia, José Preto, não está mais tranquilo com a proteção que a vacina oferece.
"Respirei de alívio quando todos foram vacinados. Aqui não houve nenhum caso de covid-19, só que a gente estava sempre preocupada e receosa, principalmente se vinha alguém de fora ou quando íamos a Vimioso. Já somos população de risco, quase todos reformados e três ou quatro têm mais de 90 anos", contou José Preto, 74 anos, ex-emigrante em França.
A pandemia mudou a vida na aldeia. As notícias que chegam pela televisão do número de contágios tiveram o seu impacto. Durante o confinamento havia muito receio. "Não andávamos à vontade como antigamente e todos usavam máscara, exceto nos campos agrícolas. Não tínhamos feito testes, nem estávamos vacinados, o melhor era ter cautela", admitiu Dárida Fernandes, 75 anos, ex-emigrante.
Agora poucos usam máscara, mas quando chega algum forasteiro, não vá o diabo tecê-las, tratam logo de colocar uma. "Juntórios nunca mais houve. Só estamos no mesmo espaço fechado na celebração da missa, ao fim de semana e todos mascarados. Mesmo com a vacina nunca se está completamente descansado", explicou José.
À conta da covid as pessoas passaram a relacionar-se menos, a falar à distância e a viver mais isolados. Os naturais que estão fora da região ou no estrangeiro vêm em menor número e menos vezes. "Quando vem alguém, a gente pergunta logo se já foi vacinado", acrescenta o autarca.
Dárida Fernandes admite que a covid não lhe tirou o sono, ainda que tenha acatado as regras de higiene, sobretudo quando saía de Vila Chã. Foi das primeiras da aldeia a ser vacinada, por ter problemas cardíacos. "Algumas pessoas ficaram em pânico. Isolaram-se em casa, deixaram de ir à missa. Não convivem com ninguém. Eu só fiquei um pouco ansiosa. Agora estou mais à vontade", revelou.
Já com a vacinação completa há algumas semanas, António Fernandes, 70 anos, garante que se sente "mais seguro" e não nega que viver a covid na aldeia "é menos arriscado do que na cidade". Esta opinião é corroborada por Nazaré Fernandes, 70 anos, que reparte a sua vida entre o Porto e Vila Chã. "Aqui passa-se melhor. Tenho mais liberdade e ando por aí sem precisar de estar trancado em casa com medo dos outros", vincou.