Várias semanas com quebras frequentes na eletricidade paralisam serviços públicos e causam prejuízos em casas.
Corpo do artigo
Os cortes de energia elétrica frequentes no concelho de Vimioso estão a gerar uma onda de indignação por parte da população, que se sente prejudicada. "Há muitas quebras. Por vezes, chegamos a estar três e quatro horas sem luz", relatou ao JN Jorge Fidalgo, presidente da Câmara de Vimioso, queixando-se de que "a rede é obsoleta e precisa de investimento". A situação "recorrente há muitas semanas", segundo o autarca, está a ter impacto em vários setores de atividade, principalmente na restauração e na hotelaria, que, nesta altura do ano, têm mais procura com os turistas e o regresso dos emigrantes. Afeta também a indústria e instituições particulares de solidariedade social.
O setor público não foge ao problema: as falhas paralisam os serviços e têm dificultado o abastecimento de água na rede pública. "Acabamos por ter de colocar água nos depósitos das localidades, porque os serviços de bombagem são alimentados a energia elétrica, que está sempre a falhar. Temos de ter gente 24 horas por dia a vigiar os sistemas, para que não deixem de funcionar", salientou Jorge Fidalgo, vincando, ainda, que "já houve alturas de interrupção na bombagem por falta de energia".
incêndio em casa
Vários cidadãos, nomeadamente residentes em aldeias, têm dado conta de problemas e de prejuízos ao município. Entre as muitas queixas, o caso mais grave é o do casal Lia Fernandes Brinco e Ramiro Fernandes, residentes na aldeia de Junqueira.
Depois de vários dias com cortes de energia, no dia 13 de julho houve uma ocorrência que provocou um curto-circuito, que fez deflagrar um incêndio na sua habitação. "Houve um corte de energia que fez um curto-circuito, originando um incêndio no rés-do-chão da casa. Arderam vários móveis e outro material, estragaram-se o cilindro da água quente, a máquina de lavar e outros artigos", descreveu Ramiro Fernandes, que, nesse dia, ao início da manhã, estava no quintal a regar e foi alertado pelo cheiro a queimado.
"Entrei em casa e, como não havia luz, desci para a rua e entrei na habitação pela garagem. Já estava tudo em chamas. Pedi socorro. Vieram os vizinhos e o meu irmão. Ajudaram a apagar o fogo, porque aqui em casa não havia água nem luz", contou.
Apesar de os prejuízos ultrapassassem os dez mil euros, Ramiro Fernandes acredita que no meio da desgraça houve alguma sorte. "Se na altura não estivesse ninguém em casa, esta podia ter ardido completamente", disse, acrescentando que já reclamou junto da EDP.
O presidente da Câmara de Vimioso tem informado a E-Redes e responsáveis desta empresa garantiram que estão "a tentar resolver as avarias". Para o autarca, esta é uma prova que "reconhecem o problema". E remata: "No concelho, os isoladores estragam-se muito porque a rede é muito antiga. E como agora há mais consumo, não aguenta".
A SABER
Sino deixou de tocar
O relógio da igreja de Alimonde, Bragança, que aciona o sino e custou dez mil euros, deixou de funcionar em junho, devido a problema idêntico.
E-Redes assume danos
Em Alimonde, os queixosos já sabem que vão ser ressarcidos pelos danos, desde que tenham informado a empresa e justificado os prejuízos.