Reabertura da pista de Vila Real marca retoma de passageiros. Procura foi maior em julho.
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A ligação aérea regional Bragança-Vila Real-Viseu-Lisboa-Portimão tem vindo a recuperar clientes, com o número de passageiros a aproximar-se dos registados antes da pandemia de covid-19. Os emigrantes que por cá estão ou estiveram de férias são os que mais procuram as viagens de avião, pela facilidade de acesso às praias do Algarve. De carro, são mais de oito horas de distância entre Trás-os-Montes e Portimão.
Micael Lopes, emigrante em Paris, foi de férias para Bragança, mas como gosta de andar por Portugal, aproveitou para fazer praia no outro extremo do país. "Vou para Portimão. Compensa mais ir de avião, porque é bastante longe. Assim, é mais rápido e fica mais barato do que ir de carro", explicou Micael, que apanhou o avião das 13 horas em Bragança, contando estar em Portimão pelas 16. "Ainda espero ir à praia hoje", afirmou.
Também emigrante em França, Tânia Vaz, aproveitou igualmente a facilidade de ter um avião perto de casa em Bragança, sem esquecer os motivos económicos e a rapidez da viagem. "De carro, entre combustível e portagens podia gastar uns 400 euros, assim consigo viajar por cerca de 180 euros", sublinhou.
reabertura após obras
A Sevenair, empresa que detém a concessão da ligação regional, adiantou ao JN que, entre janeiro e julho deste ano, a empresa transportou 5380 passageiros. Em 2021, viajaram no avião regional 7973 pessoas, e entre janeiro e outubro de 2020 foram transportadas 5931 pessoas, menos 4069 do que nos mesmos dez meses de 2019, quando dez mil pessoas utilizaram este transporte. Em 2018, último ano em que a operação foi completa, com o aeródromo de Vila Real em funcionamento e sem pandemia, houve 13 446 passageiros.
A subida no número dos que escolhem esta forma de viajar fica a dever-se "à recuperação pós-pandemia e à reabertura da pista do aeródromo de Vila Real" ao tráfego, explicou Alexandre Alves, porta-voz da Sevenair. A pista de Vila Real esteve interdita mais de dois anos, entre julho de 2019 e abril deste ano, devido a problemas estruturais, que obrigaram o município a realizar obras.
Viajar de avião é uma alternativa ao autocarro para Daniela, 12 anos, que, já por várias vezes, fez a viagem entre Bragança e Lisboa nesta carreira aérea. "É muito mais rápido e por isso gosto mais", explicou a jovem que regressava a casa na capital portuguesa, depois de ter estado de férias com os avós na zona de Zamora.
Segundo os dados fornecidos pela Sevenair relativos ao corrente ano, apenas o mês de março apresentou uma diminuição do número de passageiros em relação a igual período de 2021.
ocupação acima de 80%
"Nos outros meses, temos assistido sempre a saldos muito positivos, com destaque para o mês de julho em que contámos com uma taxa de ocupação média de 84,6%", explicou Alexandre Alves. A companhia de aviação está satisfeita com os resultados. "Esta a ser um ano positivo quando comparado com o ano anterior, mas temos ainda de ver como será o balanço final em comparação com 2018, último ano em que operámos sem limitações", admitiu o responsável. A Sevenair quer mais gente a usar este meio de transporte e reforçou as ações de promoção junto de empresas, instituições e agências.
Destaque
Concessão
A Sevenair detém a concessão da carreira por quatro anos, até 2023. Recebe 10,4 milhões de euros pelo valor das indemnizações compensatórias da exploração.
Duas horas e meia
Com esta ligação entre o interior e o litoral, é possível chegar de Bragança a Portimão em 2.35 horas ou, por exemplo, ir de Viseu a Cascais em 40 minutos.
20 anos de carreira
O avião liga Bragança e Lisboa há cerca de 20 anos. A carreira chegou a ser interrompida entre 2012 e 2013 por falta de aprovação do modelo de financiamento em Bruxelas.