Mais de três mil militares da GNR foram mobilizados para dar resposta à chegada dos emigrantes ao país, nomeadamente para ações de sensibilização junto a cinco pontos fronteiriços. Este ano, as autoridades esperam um fluxo maior de carros, acima dos níveis pré-pandémicos, devido ao caos nos aeroportos.
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O Governo e as associações de lusodescendentes também apontam para uma enchente, devido ao regresso das romarias e o fim de quase todas as restrições relacionadas com a pandemia. "Não ter pressa de chegar a Portugal" é a principal mensagem que a GNR quer passar aos milhares de condutores que esta semana começaram a entrar em força no país para as férias de verão.
"Acidentes com matrículas estrangeiras, muitas vezes, estão associados ao cansaço acumulado", afirma o major Alves de Sousa. O responsável esclarece que "a pressa pode levar a excesso de velocidade, a que haja descuidos nas pausas de duas em duas horas ou na própria preparação do veículo", exemplificando com situações de "excesso de carga que obstruem os espelhos".
Além dos conselhos de segurança rodoviária, este ano, esperando mais gente de carro, a GNR vai também alertar para a necessidade de legalização de armas de fogo. "Existem partilhas, armas que são herdadas e guardadas indevidamente e ficam abandonadas", justificou.
"No ano passado, já tivemos muita gente, mas este ano estamos a contar ainda com mais, porque as pessoas estavam à espera de aproveitar a família sem máscaras. E as discotecas voltaram a abrir", refere Elsa Macieira, da Cap Magellan, a maior associação de jovens lusófonos na Europa, que colabora com as autoridades portuguesas.
Centenas de voluntários vão andar por festivais, praias e estabelecimentos de diversão noturna a trabalhar na prevenção de acidentes rodoviários. "Já há algumas semanas que vimos o caos nos aeroportos e sabemos que muita gente ganhou medo e vem de carro", adianta a responsável.
Impacto na economia
Nos municípios do Norte e Centro, onde se concentram a maioria dos emigrantes, a sua chegada é muito ansiada. É o caso de Vila Verde, que vê freguesias "a duplicar ou triplicar a população", assegura a presidente da Câmara, Júlia Fernandes. "Além de estarem em comunidade, o comércio ganha muito", diz.
Em Estarreja, o presidente da Autarquia, Diamantino Sabino, ele próprio lusodescendente, também destaca o movimento que trazem "à economia local". "Não há ninguém que viva a portugalidade e promova tanto o país como os nossos emigrantes", defende o autarca, sublinhando que cafés, restaurantes e mercados, onde compram produtos regionais, ganham com a sua presença.
Isabel Simões Marques, do Observatório dos Lusodescentes, concorda e acredita que "o Estado devia investir em criar laços e não encarar estas pessoas como estrangeiras".
Para Cristina Passas, da Associação Internacional dos Lusodescendentes, o preconceito com os emigrantes é coisa do passado e "as novas gerações já os recebem de outra forma". "É uma invasão positiva", conclui.
Campanha para a despedida de famílias
"Obrigada e boa viagem" é o nome da campanha a lançar pela Associação Internacional dos Lusodescendentes, para fazer perdurar as memórias que os emigrantes criaram nas férias em Portugal. No regresso ao estrangeiro, além de uma mensagem de despedida junto às fronteiras, a associação desafiará as famílias a enviarem as melhores histórias do verão, que poderão ser ouvidas numa rádio francesa.