A Valportas nasceu há 22 anos, em Campo, Valongo, pelas mãos de Mário Carvalho, administrador executivo, com a missão de vender portas e portões. As exigências do mercado levaram-na a apostar no fabrico e hoje exporta 85 por cento da produção.
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"A Valportas nasceu de um sonho de criar. A minha formação são números e não portas. Não tenho formação em engenharia, mas tinha a necessidade de criar alguma coisa e tive a sorte de começar a trabalhar numa empresa de portas. O gosto entranhou-se no sangue e estou cá há 22 anos", começa por explicar o administrador executivo Mário Carvalho, de 46 anos, referindo que "o know-how vai desde a porta da rua até ao portão blindado, grade de segurança, estabelecimentos e centros comerciais. A nossa panóplia de produtos é enorme. Costumo dizer que temos soluções para tudo. Cada vez mais, a indústria coloca-nos problemas difíceis e o que gosto de fazer é encontrar soluções".
E a modernização da fábrica foi determinante para poder dar as resposta que o mercado buscava. "Estamos a acabar um investimento de cerca de 3,5 milhões de euros, onde automatizámos cerca de 70 por cento do processo produtivo, mantendo os nossos parâmetros de qualidade", anota o gestor, continuando: "Devido à procura e ao crescimento da empresa necessitamos de ter outras soluções. A primeira passava por contratar mais pessoal, o que neste momento é algo difícil no nosso país, o que vemos com bons olhos, pois é sinal que estamos a atingir o pleno de emprego. A outra passava pela necessidade de modernizar a fábrica e ter processo mais modernos e eficazes, indo ao encontro de uma maior margem de lucro, que é o nosso objetivo. Estamos a dois meses de terminar esta fase de investimento e já a pensar em novas".
Falta de trabalhadores qualificados
A grande dificuldade nesta área é encontrar mão-de-obra especializada. "Não só da metalomecânica, mas de toda a indústria que requeira trabalho manual. A verdade é que o conceito que foi transmitido à sociedade foi o de que todos tínhamos de ser licenciados em alguma coisa, o fez com que se perdesse esta mão-de-obra qualificada", aponta Mário Carvalho, elogiando um programa desenvolvido pela Câmara Municipal de Valongo que pretende mostrar outra realidade: "O projeto TOP tem por missão fazer chegar às crianças a ideia de que nem toda a gente tem de ser licenciado, engenheiro ou doutor. Há muitas profissões válidas e com muito mérito. Os portugueses chegaram ao mundo com esse cunho de mão-de-obra muito qualificada. Tenho muito orgulho em ser português e em pertencer a uma classe que é muito qualificada".
Especializado é também o departamento de desenvolvimento de produto e os três engenheiros que o compõem. "Estamos sempre a criar, pois o que nos diferencia no restante mercado é a capacidade criativa. Toda a equipa que fui criando à minha volta prima por essa característica: têm de ser muito criativos, mas também muito chatos comigo, pois tenho de acreditar nos projetos deles. E essa forma de estarmos na empresa vai-nos dando soluções para o mercado. Nós fazemos portas banais, mas também fazemos coisa muito especiais e é isso que nos diferencia: é esse gosto por fazer coisas especiais", salienta o administrador executivo.
A Valportas está presente nos mercados espanhol, italiano e francês e está a preparar duas saídas para fora da Europa, que estarão prontas em 2020. Das 18 mil unidades vendidas anualmente, 85 por cento da produção segue para exportação, ficando os restantes 15 por cento em Portugal. "Não tenho mercado nacional para absorver toda a minha produção, mas fico satisfeito por conseguir encaixar em mercados tão exigentes e atrativos como o francês e italiano.
Prémio PME Excelência
Nos últimos três anos, o trabalho desenvolvido por esta unidade fabril foi distinguida com o galardão Excelência na vertente de Pequenas e Médias Empresas (PME). "Este prémio significa alguém acreditar no nosso projeto também. Desde o primeiro dia em que montámos esta empresa há 22 anos, tínhamos uma estrutura e uma política financeira pensadas e nunca saímos desse encaminhamento", frisa o gestor, completando: "A verdade é que só há três anos é que nos predispusemos a concorrer a estes prémios. Até lá achava que tinha outras coisas para fazer. Desde aí temos sido graciosamente aceites como membros da família PME Excelência e isso, para nós, é uma satisfação. Não minha, mas de toda a nossa equipa, porque o prémio nunca é do administrador, mas da equipa que o rodeia".
Neste momento, a Valportas tem cerca de 80 colaboradores em Portugal, Espanha e França, mas a equipa, segundo Mário Carvalho, "está sempre a crescer". E quando se trata de contratar, a preferência é dada aos valonguenses. "Cerca de 90 por cento dos nossos colaboradores são residentes no concelho. Primeiro pela proximidade e depois porque são pessoas que têm disponibilidade e foram aderindo ao projeto. É uma mais-valia que temos, pois Valongo têm gente muito boa".
Esta política de responsabilidade social alarga-se a toda a comunidade. "Estamos inseridos numa sociedade e tentamos colaborar com as escolas, autarquias, as coletividades. É sempre uma preocupação nossa ajudar, porque ajudando a sociedade ela dá-nos alguma coisa em retorno. Dentro do nosso enquadramento temos sempre alguém da nossa equipa disponível para colaborar. O nosso departamento de Marketing tem sido incansável a disponibilizar-se. Se fizermos crescer a nossa cidade, nós crescemos junto com ela".
Quando ao futuro, o administrador executivo já tem em mente novas ideias. "Terminámos agora um projeto de investimento. Preciso de respirar e também tenho de dar algum tempo à minha vida familiar, mas temos alguns projetos novos para lançar: a construção de uma nova unidade, diversificar mais para a indústria de frios, que é uma área que ainda não trabalhamos e dar mais de atenção à parte da eletrónica. Já temos uma empresa no grupo dedicada a essa área, a Omnipro, mas queremos avançar mais por aí", finalizou.