Ampliação de instalações para produção de pás e componentes para torres eólicas concluída. Recrutamento, de preferência feminino, já começou.
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O gigante alemão Enercon, do setor da energia eólica, ampliou as suas instalações fabris em Viana do Castelo, através de um investimento de cerca de 20 milhões de euros, e iniciou o recrutamento de 500 trabalhadores para a produção e 25 na área das engenharias. Remodelou uma antiga fábrica de torres eólicas e aumentou o pavilhão de produção de pás, criando condições em Viana para se tornar a principal unidade produtiva do grupo, com sede em Aurich, Alemanha, e que emprega 20 mil pessoas em todo o Mundo.
Atualmente, naquele município do Norte, tem instalações nos parques empresariais da praia Norte e de Lanheses, empregando cerca de 1500 pessoas em produção de pás, torres em betão, geradores, mecatrónica, e administração, centro de treino, manutenção e serviços. Nos próximos dois anos, planeia ainda investir "mais cinco a sete milhões em equipamentos" para um centro de investigação e desenvolvimento de novos protótipos de pás.
Há 12 anos
"Esta fábrica existe há 12 anos. Há dois, foi feita a sua redefinição, com a decisão de criar aqui um centro de competências para as pás de nova geração. Investimos 20 milhões na sua ampliação e modernização. O projeto está concluído e agora estamos na fase de contratação", adiantou Micha Strauss, CEO da Enercon em Portugal, Espanha, Brasil, Itália e Grécia, referindo: "Vamos precisar de cerca de 500 pessoas na produção e adicionalmente mais 20 a 25 engenheiros nas área da qualidade, inovação e investigação".
Para a produção das pás, a Enercon dá preferência à mão de obra feminina. "Precisamos de mais mulheres. Destes 500 novos trabalhadores, acredito que dois terços podem ser mulheres, porque fornecem uma qualidade excelente. São mais atenciosas com os pormenores e a sua qualidade é melhor. Temos tido excelentes resultados e queremos continuar com esse conceito", afirmou Micha, comentando, de resto, que os portugueses são bem vistos dentro da empresa pelo seu desempenho. "Em Portugal temos duas grandes vantagens: por um lado a produção, o custo por peça é muito atrativo, e, por outro lado, há grande capacidade na área da inovação. A engenharia é muito boa. É uma área em crescimento".
De nacionalidade alemã, o CEO tem outras razões para se manter em território nacional. É casado com uma transmontana e tem uma filha de 12 anos, que, diz, "tem aspeto de alemã, mas o coração é português".
Na empresa, que nasceu em Viana em 2008, os salários "estão de acordo com a realidade portuguesa, mas foi implementado um bónus para dar motivação adicional aos trabalhadores".
"Se queremos mais 500 trabalhadores temos de ser atrativos", justifica Micha, evidenciando que as contratações poderão ter de ir além, geograficamente, do município de Viana do Castelo. "Vai ser um desafio. Provavelmente vamos ter de analisar meios de transporte para atrair pessoas de longe", concluiu.
Em 2020
Um quarto dos operários em casa
Por causa do fecho de creches e escolas no primeiro confinamento, a produção da Enercon, em Viana do Castelo, ficou sem cerca de um quarto dos trabalhadores. Segundo Micha Strauss, com as novas restrições ontem anunciadas, o cenário deverá repetir-se. "No ano passado, quando as escolas fecharam, tínhamos uma baixa de 25% das pessoas. Vamos perder outra vez, mas faz parte. Não podemos fugir desta realidade", disse, comentando: "Na primeira fase da pandemia, fizemos uma campanha para que ninguém ficasse infetado com covid-19. Tentámos influenciar o comportamento dos colaboradores nos tempos privados, porque é aí que se infetam e depois trazem para o trabalho".