Chuva intensa causou inundações na zona de S. Bento. Lesados devem receber apoios.
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Ainda não há explicação para enxurrada que lançou o caos na Baixa do Porto ao final da manhã deste sábado. A zona de S. Bento ficou transformada num rio de lama, que desceu a Rua de Mouzinho da Silveira, deixando um rasto de destruição. Um fenómeno nunca visto, conforme assinalou o vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo. Naquela zona estão em curso obras de construção da linha Rosa do metro, incluindo para desviar o Rio da Vila (subterrâneo).
"Estamos a avaliar porque é que pela primeira vez isto aconteceu aqui nesta zona, que como sabem está a ser intervencionada e tem havido alterações no espaço público. Temos de perceber porquê", afirmou o autarca, sublinhando que a situação pode repetir-se, caso não seja descoberta a sua origem. Filipe Araújo negou a hipótese, que chegou a ser levantada, do rebentamento de uma conduta. "Estamos perante uma obra a decorrer da Metro e que terá certamente provocado algumas alterações, que estamos a estudar com outros peritos, mas isso é normal. Uma obra às vezes pode provocar esse tipo de alterações", declarou.
A Metro do Porto afirmou que está a trabalhar com todas as entidades nessa avaliação para tentar apurar o que se passou.
O vice-presidente da Câmara do Porto explicou que, normalmente, o Rio da Vila (que passa por baixo da Rua de Mouzinho da Silveira) é um dos canais que, nos dias de chuva, escoa a água. "Mas não foi isso que aconteceu. A água subiu à superfície, arrastando paralelos e sedimentos da via pública", assinalou.
A enxurrada invadiu a Praça de Almeida Garrett, em frente à estação de S. Bento, e desceu a Rua de Mouzinho da Silveira, levando mesas e cadeiras das esplanadas e entrando em vários estabelecimentos. A água também entrou, em cascata, na estação de metro de S. Bento, obrigando a fechar a plataforma e a suspender o serviço da Linha Amarela entre a Trindade (Porto) e o Jardim do Morro (Vila Nova de Gaia). A circulação foi retomada ao início da tarde, mas só depois das 16 horas é que a estação de S. Bento foi reaberta.
Os trabalhos de limpeza em Mouzinha da Silveira, que foi interditada, prolongaram-se durante todo o dia. Mas houve estragos em várias zonas da cidade. Em menos de duas horas, os bombeiros receberam 150 pedidos de ajuda por causa das inundações em habitações e vias públicas.
O presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, adiantou à TSF que vai haver uma linha de ajuda para que os lesados não percam os apoios "por razões regulamentares, de desconhecimento da lei ou imprecisões ao preencher papéis". O autarca recebeu a informação do presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) e afirma que a linha será gerida "através das autarquias".
Marco Martins, presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil, afirmou que Porto, Gaia e Gondomar foram os municípios da região mais afetados pelo mau tempo.
