Serviço destinado a comerciantes contribui para uma melhor recolha seletiva e um envio de menos resíduos para aterro. Em vez de pagar multa, infratores optam por ações de formação.
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Trata-se de um serviço pioneiro e que tem contribuído para que o Porto tenha conseguido ultrapassar todas as metas definidas pelo Governo em termos ambientais e no que diz respeito à gestão de resíduos. Equipas da Porto Ambiente percorrem diariamente as ruas da cidade fiscalizando o acondicionamento, a deposição/separação e a colocação correta do lixo nos ecopontos destinados à recolha. No caso de se verificarem infrações, os comerciantes e empresários são sensibilizados para o cumprimento do regulamento municipal que prevê multas até aos dois mil euros. Em vez de pagar as coimas, a maioria prefere fazer formação.
São os próprios comerciantes que se mostram sensibilizados e optam por cumprir algumas horas de formação, trazendo para os seus estabelecimentos um conjunto de conhecimentos que depois são dados a conhecer aos funcionários.
No ano passado, a autarquia instaurou apenas 20 processos porque 80 dos infratores foram direcionados para formação ambiental. Foi o caso de Emanuel Ribeiro, da famosa casa de bifanas Conga. "Não estava habituado a fazer a separação em casa e foi através deste serviço que aprendi como o lixo deve ser separado antes de colocado nos diferentes contentores", explica perante a visita de Ana Rita Morence e de Pedro Vieira que já antes tinha ali estado e detetado infrações.
manual de boas práticas
"Raramente temos problemas na abordagem e reconhecemos que muitas vezes as pessoas agem mal apenas por desconhecimento, mostrando-se sempre prontas a aprender e a frequentar as nossas ações de formação", refere Ana Rita. O sucesso desta iniciativa pioneira da Porto Ambiente torna-se visível no cômputo geral da atividade da empresa municipal, galardoada no final do ano passado com o Prémio de Excelência do Serviço de Gestão de Resíduos Urbanos, atribuído pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR).
A aposta no acesso fácil e não disperso de equipamentos de separação de resíduos, em vez de um único para lixo indiferenciado, aumentando o número dos destinados ao orgânico, fez diminuir a quantidade de matéria que vai para aterro. No campo do indiferenciado, os valores baixaram em cinco anos e, entre 2017 e 2021, a percentagem de resíduos enviados para aterro manteve-se abaixo de 1%, tendo sido alcançada uma taxa de apenas 0,22% no ano de 2021. "Números muito perto do zero e que estão em linha com a meta no horizonte municipal e com as linhas estratégicas da União Europeia de Aterro Zero", considera Mariana Costa, responsável pela sensibilização e fiscalização da Porto Ambiente.
"A zona mais complicada, de maior incumprimento é, de longe, a Baixa, mas ele é também visível na Boavista, Foz e Campanhã", refere Pedro Vieira enquanto Ana Rita fiscaliza a cozinha do Bira dos Namorados. Em cinco anos, o número de ecopontos aumentou 20% e, neste momento, a autarquia ultima a criação de um manual de boas práticas a distribuir pelos comerciantes.
Curiosidade
69% de lixo que cada portuense separa por ano. Porto tem taxa de reciclagem de 39% e deposição em aterro de 0,22%, ultrapassando metas definidas pelo Governo.