Impacto no turismo e na economia local agravado pela pandemia.
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O presidente do Turismo de Monte Real, Joaquim Vitorino, não esconde a mágoa que sente ao constatar o impacto nefasto no turismo, causado pelo encerramento das termas. "Éramos nove unidades hoteleiras e hoje estamos de tanga", afirma.
Fundado pelo pai, o Hotel Rainha Santa é um dos que estão à venda, por ter deixado de ser rentável. Perante a falta de turistas, que procuravam a vila para fazer tratamentos com as águas termais, Joaquim Vitorino diz que apenas o Monte Real Hotel Termas & Spa, o Hotel D. Afonso, o Evenia Monte Real e o Hotel Colmeia se mantêm em atividade, embora a maioria só funcione alguns meses por ano.
O fecho das termas teve consequências graves para o emprego e para a economia local. O incêndio que destruiu o Pinhal de Leiria, em 2017, e a pandemia vieram contribuir para agravar ainda mais a situação. "Não vejo Monte Real com futuro ao nível do turismo, porque não temos nenhum produto para impactar", lamenta Vitorino. A única luz que o presidente do Turismo vê ao fundo do túnel é a abertura da Base Aérea de Monte Real à aviação civil, possibilidade que diz nunca ter saído do papel por "falta de vontade política".
Quebra brutal
"Infelizmente, Monte Real sempre viveu em função das termas", confirma Luísa Cruz, proprietária do Hotel D. Afonso, que passou a abrir apenas em julho, agosto e parte de setembro, também devido à pandemia, quando antes funcionava sete meses. "A quebra foi brutal, porque 90% dos nossos clientes vinham fazer termas 15 dias e traziam toda a família", assegura. "Agora, um cliente está dois dias".
"Sempre achei que as termas iam reabrir, mas, ao fim destes anos todos, já não sei", confessa Luísa Cruz. Em 2020, investiu mais de um milhão de euros na remodelação do hotel, confiante que as receitas permitiriam pagar o empréstimo, mas a pandemia estragou os planos. "A faturação é mínima". Contudo, afasta a ideia de pôr a unidade hoteleira à venda. "Só se as coisas se complicarem muito, muito, muito..."