“Erro humano” na origem da autorização de aterragem no Porto com outro avião em pista
"Um erro humano" esteve na base do incidente que ocorreu no passado dia 26 de junho, no aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, reconhece a NAV Portugal, que divulgou esta quarta-feira as primeiras conclusões da investigação aberta após a ocorrência.
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O incidente, considerado grave, ocorreu quando a torre de controlo do aeroporto do Porto autorizou a aterragem de um avião da Ryanair quando se encontrava na pista 35 uma outra aeronave, um A321neo da SATA, pronta para descolar. O acidente foi evitado porque o piloto do Boeing 737 da Ryanair, proveniente de Barcelona, alertou o controlador aéreo para a presença de outro avião na pista, que aguardava autorização para descolar rumo a Porto Santo, e abortou a aterragem.
"O relatório preliminar confirma a existência de um erro humano, porquanto não foi emitida autorização de descolagem à aeronave Air Azores, o que terá causado uma momentânea falha de perceção sobre a situação operacional", indica a NAV - Navegação Aérea de Portugal, em comunicado, sublinhando que, "após a consciencialização do erro, pela intervenção do piloto da aeronave Ryanair na final, mas também de um alerta dada pelo supervisor em turno da Torre de Controlo de Tráfego Aéreo do Porto, a recuperação foi imediata, tendo sido instruído o procedimento de aproximação falhada àquela aeronave".
Aquela entidade pública empresarial explica que "a ocorrência decorre num cenário de tráfego de elevado volume e complexidade, correspondente a um período de pico de procura no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, com todas as posições de trabalho possíveis abertas em operação simultânea". Acrescenta ainda que "existiam três movimentos de pista, uma aterragem precedente à ocorrência, a descolagem da aeronave Air Azores e a aeronave Ryanair em aproximação. Adicionalmente, existiam cinco aeronaves no solo a entrar e sair de estacionamento, também em contacto e sob o controlo da mesma posição, de acordo com o descritivo funcional da mesma".
A NAV esclarece também que "no momento da ocorrência encontravam-se na sala de operações três controladores de tráfego aéreo em posições executivas e um supervisor operacional, bem como outros dois operacionais em escala que, no momento da ocorrência, se encontravam no seu intervalo obrigatório de descanso".
Vincando que "está a concentrar toda a sua atenção na análise deste incidente", a Navegação Aérea adianta ter reunido na terça-feira, dia 4, "o Comité de Segurança da NAV Portugal, no qual estiveram reunidas as direções técnicas e operacionais para analisar o relatório preliminar, conjuntamente com a administração, tendo sido decidida como medida mitigatória do risco identificado a separação funcional da posição de gestão de chão, com responsabilidade na gestão dos movimentos nas placas de estacionamento e caminhos de circulação das aeronaves, da posição de gestão de ar e pista".
De acordo com a NAV, "esta separação funcional permitirá, em momentos de tráfego elevado e complexo, que o controlador de tráfego aéreo responsável por aeronaves no ar e na pista tenha a sua atenção unicamente focada nesta área de responsabilidade".
O comunicado avança também que "o Comité de Segurança da NAV Portugal decidiu ainda a antecipação de projetos tecnológicos já em curso, como por exemplo a melhoria de vigilância radar de solo, cujas ferramentas associadas irão auxiliar os controladores de tráfego aéreo no desempenho das suas funções".