A investigação preliminar ao caso da grávida que deu à luz na rua, segunda-feira, no Carregado, aponta para um "erro humano na aplicação do algoritmo de triagem e no encaminhamento" para o INEM, na Linha SNS 24, revela um comunicado dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS).
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De acordo com aquele organismo, a chamada de pedido de auxílio para a Saúde 24 foi atendida, por um enfermeiro, no espaço de 17 segundos. O processo de triagem durou quatro minutos, com a utente a ser encaminhada para a urgência obstétrica do Hospital Beatriz Ângelo - Loures, confirmando a informação prestada pela mãe da mulher, Isabel Moreira.
Segundo a "averiguação preliminar solicitada pela SPMS ao operador privado da Linha SNS 24, existiu um erro humano na aplicação do algoritmo de triagem e no encaminhamento, levando a que a chamada não tivesse sido transferida para o INEM - Instituto Nacional de Emergência Médica".
O caso ocorreu na manhã de segunda-feira, depois de Soraia ter deixado o filho mais novo no infantário. Combinou encontrar-se com os pais na pastelaria Pãozinho da Quinta, mas já não se estava a sentir bem. Começou a ter contrações, e já nem conseguiu comer.
"Saí da pastelaria para ligar para a Saúde 24, que a mandou levar de carro para o Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, para ser mais rápido, porque lhes disse que a minha filha estava muito aflita", contou Isabel Moreira ao JN. "Sentámo-la num passeio alto, e rebentaram-lhe as águas. Enquanto o meu marido estava com ela, liguei para o 112, a pedir para mandarem uma ambulância, mas não sabíamos o nome da rua."
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Depois de chegar, a ambulância dos bombeiros teve um furo, e tiveram de chamar outra. "Depois, chegou um carro do INEM, com um médico, que deu indicações para os bombeiros transportarem a minha filha para o hospital de Santarém. Desde que a minha neta nasceu, passaram uns 45 minutos."
Soraia estava a ser acompanhada no Centro de Saúde de Alenquer. "Às 39 semanas, tinha entrada na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, mas, uma semana depois, a médica de família disse que já não tinha para onde a mandar, nem às outras grávidas, e a minha filha andava muito ansiosa", explicou Isabel. "Era para ter o parto no dia 6, e teve no dia 11. É uma vergonha o que se está a passar."
Foram os pais de Soraia, Isabel e Domingos, que ajudaram a neta, Serena, a nascer, depois de terem rebentado as águas quando se encontrava numa pastelaria. Mãe e filha estão bem de saúde.