Uma mulher de 28 anos entrou em trabalho de parto, esta segunda-feira, na Avenida da Associação Desportiva, no Carregado, concelho de Alenquer, e acabou por ter a bebé no meio da rua.
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Foram os pais de Soraia, Isabel e Domingos, que ajudaram a neta a nascer, depois de terem rebentado as águas. Mãe e filha estão bem de saúde.
"Parece que ainda não me caiu a ficha. Nunca pensei passar por isto", confessa ao JN Isabel Moreira, 49 anos. Depois de Soraia ter deixado o filho mais novo no infantário, combinou encontrar-se com os pais na pastelaria Pãozinho da Quinta, mas já não se estava a sentir bem. Começou a ter contrações, e já nem conseguiu comer.
"Saí da pastelaria para ligar para a Saúde 24, que a mandou levar de carro para o Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, para ser mais rápido, porque lhes disse que a minha filha estava muito aflita", conta Isabel Moreira. "Sentámo-la num passeio alto, e rebentaram-lhe as águas. Enquanto o meu marido estava com ela, liguei para o 112, a pedir para mandarem uma ambulância, mas não sabíamos o nome da rua."
Nesse impasse, Isabel Moreira diz que começou a ouvir uma gravação em inglês. "Entretanto, a minha neta já tinha a cabeça de fora, e fui ajudar o meu marido a fazer o parto, enquanto uma senhora ligava para os Bombeiros Voluntários de Alenquer", recorda. A neta mais velha, de nove anos, assistiu a tudo.
Gritos de desespero
Entre os gritos de aflição de Soraia, a pequena Serena nasceu "uns dez minutos depois". "Foi rápido, porque o meu marido puxou a bebé", explica. Já depois do parto, apareceu uma enfermeira e um médico, que prestaram assistência à mãe. "Foram os dois que fizeram o resto. Cortaram o cordão umbilical. E houve pessoas que trouxeram toalhas."
"A minha filha estava um bocadinho nervosa, mas depois de ver a bebé a chorar ficou mais calma. Foi uma aflição", relata Isabel. Mas a "aventura" não ficou por aqui. Depois de chegar, a ambulância dos bombeiros teve um furo, e tiveram de chamar outra. "Depois, chegou um carro do INEM, com um médico, que deu indicações para os bombeiros transportarem a minha filha para o hospital de Santarém. Desde que a minha neta nasceu, passaram uns 45 minutos."
Soraia estava a ser acompanhada no Centro de Saúde de Alenquer. "Às 39 semanas, tinha entrada na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, mas, uma semana depois, a médica de família disse que já não tinha para onde a mandar, nem às outras grávidas, e a minha filha andava muito ansiosa", garante Isabel. "Era para ter o parto no dia 6, e teve no dia 11. É uma vergonha o que se está a passar."
"Nunca vi uma coisa destas. Ligamos para o todo o lado, e ninguém quer saber", desabafa a avó de Serena. "Ainda estou em choque. Correu tudo bem, mas podia ter corrido tudo mal. Foi um desespero muito grande", afirma. "Quem fica grávida, neste momento, tem de ter muita coragem.". Os outros dois netos nasceram no Hospital de Vila Franca de Xira.