
O movimento Es.Col.A decidiu participar nas comemorações do 1º de Maio, retomar atividades educativas, participar na Assembleia Municipal e levar ioga, teatro e tijolos para junto da Câmara do Porto.
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"Quem quiser e puder, entre membros do coletivo e apoiantes, deve inscrever-se para participar na Assembleia Municipal (AM). As pessoas vão individualmente, para expressarem o que pensam", explicou Marco, o elemento que conduziu a assembleia popular deste sábado e que preferiu não revelar o apelido.
Na segunda-feira, antes da AM, pelas 18.30 horas, haverá uma aula de yoga junto aos Paços do Concelho, seguindo-se uma atuação do grupo de teatro, a construção de um muro de tijolos e o lançamento de sementes à terra, enquanto no largo da Fontinha recomeçarão ao ar livre as atividades que antes se realizavam no interior da antiga escola primária da Fontinha, de onde movimento foi despejado no dia 19 pela Câmara do Porto.
Na terça-feira, o Es.Col.A deve integrar as celebrações do 1º de Maio, com cartazes como "Não matem este sonho" ou "Nem de borla nos deixam trabalhar" e pretende fazer a "Queima da Crise" e um "diálogo de megafones" entre patrões e populares.
A assembleia popular, que contou com a participação de ativistas do coletivo, moradores do bairro da Fontinha e de outros apoiantes do movimento, concluiu que o Es.Col.A não deve recusar o apoio de associações ou entidades por receio de conotações abusivas, nomeadamente com o movimento de "okupas" ou com o "anarco-sindicalismo".
Outra das decisões foi preencher o livro de reclamações do Gabinete do Munícipe com queixas contra o despejo e escrever uma "carta aberta" a coletividades e instituições "para não aceitarem o convite de integração no projeto social que a Câmara diz ter para a antiga escola".
A socióloga Paula Guerra disse à Lusa duvidar que o Es.Col.A seja "uma manifestação okupa no sentido tradicional do termo" ou que ali exista "apenas uma ligação à cultura punk", considerando que se trata de um "novo movimento social", que representa uma nova dinâmica de "reivindicação alargada de cidadania".
No domingo, o movimento vai realizar uma "feira da vandoma", para angariação de receitas para suportar os custos legais dos três detidos no despejo.
O Es.Col.A - Espaço Colectivo Autogestionado do Alto da Fontinha ocupou a antiga escola primária da Fontinha em abril de 2011 para desenvolver um projeto sem fins lucrativos com várias valências, como aulas de desenho, ioga, teatro ou guitarra e um clube de xadrez para todas as idades.
O movimento foi despejado no dia 19 perante, segundo a Câmara do Porto, a "incompreensível recusa do grupo em aceitar as condições exigidas por lei", nomeadamente a formalização do contrato de cedência (até fim de junho) e o pagamento de 30 euros mensais de renda.
Ativistas do Es.Col.A e participantes nas comemorações do 25 de Abril ocuparam na quarta-feira a escola, em protesto contra o despejo, mas as entradas do espaço foram na quinta-feira entaipadas pela Câmara para impedir a reocupação.
