A greve distrital de professores que se realizou, esta sexta-feira, em Viana do Castelo, registou uma adesão de 97%, com todas as escolas sem aulas e uma manifestação na capital de distrito com cerca de dois mil docentes em luta na rua.
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O balanço foi feito esta sexta-feira à tarde por Francisco Gonçalves da Fenprof, numa altura em que o protesto atingia o seu ponto alto, com uma enchente na Praça da República, no centro da cidade de Viana. Os manifestantes vieram um pouco de toda a região com bombos, cornetas, apitos, faixas, cartazes e t-shirts pretas com a inscrição "Respeito".
"Uma percentagem de adesão à greve de 97 por cento, com praticamente todas as escolas sem aulas aqui no distrito, foi a resposta dos professores de Viana do Castelo àquilo que ontem foi apresentado [na reunião dos sindicatos com o Ministro da Educação]. Inaceitável", declarou Francisco Gonçalves, referindo que "a luta é para continuar". "O nosso objetivo é resolver os problemas, os problemas não estão resolvidos, portanto temos que continuar", disse, referindo que vão seguir-se "as greves e concentrações em Vila Real, Viseu e no Porto, e a manifestação do dia 11 de fevereiro, que vai ser marcante".
"Os dados que temos nesta altura apontam para uma grandessíssima manifestação. Uma coisa mesmo grande. E logo a seguir veremos com os professores aquilo que estão dispostos a fazer, mas de certeza que se não houver alterações nas questões essenciais da carreira, da profissão e dos concursos, os professores não desistem", declarou o sindicalista, concluindo: "Se forem apresentadas propostas que resolvam os problemas, a luta acaba naquele dia".
Convocada por oito organizações sindicais, a greve de professores teve início a 3 de janeiro e decorreu até dia 31 ao primeiro tempo de aulas de cada docente. No dia 16, ao longo de 18 dias úteis e terminando em 8 de fevereiro, arrancou ainda uma greve por distritos.
"O que me trouxe aqui foi exigir respeito pelos professores. Acho que há muito desrespeito. Cada vez pior. Acho que não nos levam muito a sério", disse Celina Pedrulho de 55 anos, educadora em Ponte de Lima, que esta sexta marcou presença na grande manifestação na Praça da República, em Viana do Castelo.
Bruno Gonçalves, professor do secundário em Arcozelo, Ponte de Lima, esteve no protesto e segurava uma faixa a dizer "roubados".
"Ao longo dos últimos anos, temos vindo a trabalhar com muita paixão e amor pela escola pública, mas estamos exaustos. É importante as pessoas perceberem que os professores merecem o máximo respeito para que a escola seja confortável para todos, alunos e professores", disse.
César Brito, professor que participou na organização da jornada de luta, que começou da parte da manhã, com uma concentração de professores e educadores, e um piquenique no Parque da Cidade, junto ao rio, destacou que "se o Governo continuar fazer orelhas moucas [às reivindicações], com certeza que esta luta não vai parar". "A minha experiência de participação em comícios e manifestações, diz-me que hoje estão aqui um bocadinho mais de duas mil pessoas", calculou.