Quebra de 70% na procura de imóveis na praia num espaço de dois anos.
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A crise em Espanha está a reflectir-se no imobiliário da Vagueira, praia muito procurada por habitantes de Salamanca e Madrid, devido à proximidade. Em dois anos houve uma quebra de 70% na procura de apartamentos por parte de "nuestros hermanos".
A procura de imóveis na praia da Vagueira, por parte de população espanhola, tem vindo a diminuir nos últimos dois anos. João Bilelo, da Imovinova - mediação imobiliária, afiança que houve uma quebra muito grande na procura. "Agora há muito menos. Registamos quebras na ordem dos 60 a 70% por parte dos espanhóis". Actualmente, a maioria dos seus clientes são portugueses mas, "há dois anos, 90% eram espanhóis", afirma ao JN.
João Bilelo traça o perfil do público-alvo: "Os compradores são de Salamanca ou Madrid, de meia-idade e procuram apartamentos T2 ou T3, mas sobretudo T2". As preferências podem recair em apartamentos usados ou novos, consoante privilegiem mais ou menos a vista e proximidade ao mar.
Falta de areal prejudica
Para este vendedor, a diminuição de fluxo deve-se tanto à crise, como à menor atractividade da Vagueira. "Quase não há areal, o que afasta os clientes e torna a Vagueira menos apetecível. Os espanhóis também se queixam de falta de vida nocturna e diversão", lamenta.
Já José Xavier, da Prediaveiro, é menos radical na análise, mas continua a assegurar que os negócios com o público espanhol têm diminuído naquela praia vaguense. "Diminuiu sim e realmente não temos a mesma procura de há dois ou três anos, mas para nós não foi muito significativo e continua a ser um mercado interessante", garante. Segundo este agente imobiliário, "os preços dos imóveis têm-se mantido nos últimos dois anos, com um ou outro acerto pontual no preço", o que pode ter "contribuído" para o facto. De realçar, ainda, é o aparecimento de "muitos apartamentos usados e a preços interessantes para vender na Vagueira", frisa.
Preço e distância compensam
A família de Imaculada Martins conheceu a praia da Vagueira através de amigos e, há três anos, decidiu-se a adquirir apartamento. Optou por um T3, que comprou através de uma imobiliária local, mas, actualmente, a espanhola confessa que "o ideal era um T2" pois daria "menos trabalho e despesa". "Somos três pessoas mas, como temos mais espaço, muitas vezes convidamos amigos para virem connosco", contou ao JN durante uma visita recente à Vagueira. Faz-se à estrada entre seis a sete vezes por ano, percorrendo as três horas que separam a Vagueira de Salamanca. Compensa. "Comparado com Espanha fica mais barato. Pelo preço e proximidade vale a pena", diz, afiançando que "nos últimos dois ou três anos, quatro amigos nossos também compraram apartamento aqui".
Os espanhóis Melchor e Pila del Boya Teso, também de Salamanca, conheceram primeiro a praia da Barra, mas foram "os preços e a grande oferta" de imóveis na Vagueira que os cativaram. "Aqui [Vagueira] havia mais apartamentos para escolher e o preço era mais barato que na Barra (Ílhavo)", explicam. Apesar da crise, há dois anos decidiram-se a deixar de arrendar e compraram um T2 usado com vista para o mar. Desde então, deslocam-se, juntamente com os dois filhos, em média, "uma vez por mês e sempre nas férias de verão e Páscoa. É perto e gostamos", termina.