A Assembleia Municipal de Espinho reprovou o Relatório e Contas de 2024 da Câmara. "O PS chumba a prestação de contas do PS", criticou a presidente da autarquia, que manifestou publicamente a sua indignação no Facebook.
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Maria Manuel Cruz denuncia o que considera ser uma "vergonhosa manobra política, partidária e eleitoral". O PS absteve-se na votação, posição decisiva para o chumbo do documento, face aos votos contra de PSD, BE e CDU. Os presidentes de junta também se abstiveram.
“Ninguém confia na presidente da Câmara de Espinho”, contrapôs o PS, que acusa Maria Manuel Cruz de “vitimização e propaganda política completamente eleitoralista”. “O que está em causa não é a negação de mérito ao trabalho técnico dos serviços municipais, mas sim a falta de liderança, responsabilidade política e transparência da presidente”, acrescenta. “A tentativa de colar o chumbo destas contas ao PS é um ato de desonestidade política”, frisa o partido.
Segundo Maria Manuel Cruz, o chumbo do Relatório e Contas na Assembleia Municipal representa uma decisão que "em nada serve os interesses de Espinho e dos espinhenses", criticando especialmente o sentido de voto do PS, o partido pelo qual foi eleita. Para a presidente, o voto contra revela-se “insólito e desprovido de sentido”, uma vez que o documento reflete a gestão dos próprios eleitos socialistas.
Agrava-se assim a tensão entre Maria Manuel Cruz e o PS. A polémica estalou quando o partido escolheu o vice-presidente da autarquia e presidente da concelhia local, Luís Canelas, como candidato à Câmara nas próximas eleições. Maria Manuel Cruz retirou os pelouros e a confiança política ao seu número dois; Concelhia de Espinho e Federação de Aveiro retiraram a confiança à presidente da Câmara.
A prestação de contas de 2024, sublinha Maria Manuel Cruz, foi certificada pelo revisor oficial de contas e demonstra “um cumprimento rigoroso do equilíbrio orçamental, reforço da poupança corrente, ausência de nova dívida bancária e um saldo de gerência positivo de 8,8 milhões de euros”. "São sinais claros de recuperação, reforço da capacidade de resposta da Câmara e consolidação de uma gestão mais equilibrada, rigorosa e sustentável", afirma. No seu comunicado, a autarca defende que o futuro de Espinho "não pode continuar a ser utilizado como arma de arremesso e guerrilha partidária" por parte de quem, segundo acusa, demonstra "falta de visão e ideias para o concelho".
Apesar da tensão política, a presidente garante que continuará a trabalhar com "responsabilidade, visão estratégica e um compromisso firme com as pessoas e o território", assegurando que o foco continuará em construir "um concelho mais justo, mais coeso e mais preparado para os desafios do presente e do futuro".
Entretanto, o comunicado emitido pelo PS deixa muitas críticas à autarca, considerando que Maria Manuel Cruz "promoveu alterações relevantes ao orçamento de 2024 de forma unilateral, sem procurar aprovação quer do restante Executivo Municipal quer da Assembleia Municipal". "O próprio revisor oficial de contas do município, em documento próprio, não esconde os sinais preocupantes de falta de clareza e sustentabilidade, sublinhando que a narrativa de sucesso que a presidente tenta vender à pressa não corresponde à realidade financeira do concelho", refere o comunicado.
"Não aceitaremos lições de compromisso nem de responsabilidade por parte de quem recusa sistematicamente o diálogo e transforma a governação municipal numa espécie de feudo pessoal. O PS Espinho mantém-se firme no seu papel de oposição construtiva, mas não será cúmplice de uma
governação que fere os princípios da boa gestão, da transparência e da democracia local", assinala, ainda.