Espírito da JMJ inspira acampamento com mais de 100 jovens no Alto Minho
O Bispo da Diocese de Viana do Castelo, D. João Lavrador, colocou de lado o cabeção [colarinho clerical], calçou sapatilhas e, de mochila às costas, apresentou-se com um boné com a insígnia JUBIGO no 1.º Acampamento Juvenil Diocesano, que decorre, até domingo, com a participação de mais de uma centena de jovens.
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D. João Lavrador faz questão de ser “apenas mais um” entre a juventude que tem percorrido três arciprestados do Alto Minho (Ponte da Barca, Arcos de Valdevez e Ponte de Lima), a participar nas mais diversas atividades, em contacto com a natureza, cultura, religião e fé. O grupo está ainda imbuído do espírito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o que se evidencia, desde logo, nas tshirts coloridas trazidas da sua participação no grande encontro de Lisboa.
“Sentem-se ainda os ares das Jornadas Mundiais da Juventude. Não podemos desperdiçar nenhum momento, nem nenhum acontecimento. As jornadas foram um acontecimento marcante e arrastaram e envolveram muitos jovens. E houve a pretensão de os colocar junto do seu meio. Nas chamadas pré-jornadas nas Dioceses houve o envolvimento de todos, não só dos jovens, mas das famílias, animadores e autoridades, e estes acampamentos também têm essa pretensão. No fundo são umas mini-jornadas”, afirmou o Bispo de Viana, este sábado de manhã, enquanto jovens praticaram canoagem e passearam no tradicional barco “Água-Arriba” no rio Lima.
Segundo D. João Lavrador, este primeiro acampamento JUBIGO (Juventude a Caminho do Jubileu Diocesano), instalado na Escola António Feijó, em Ponte de Lima, “privilegiou três arciprestados. Para o ano privilegiará outros três e continuará essa dinâmica, terminando em 2027 em Viana”, com as celebrações do Jubileu [50 anos] da Diocese.
“O meu desejo de oferecer-lhes algo de novo, que não é novo, mas com alguma novidade, já vinha de trás", destacou o prelado, confessando que estes dias o têm feito “relembrar” a sua juventude e os acampamentos em que participava no anos 80. “A juventude é aquele período da vida que passa com a idade”, brincou, dando nota a seguir que “os jovens hoje são o que foram sempre”.
“Às vezes exagera-se a caracterizar os jovens de hoje. Têm os mesmo sonhos que sempre tiveram e as mesmas aspirações, mas claro que agora com uma cultura diferente”, comentou, referindo que os participantes, alunos do 10 ao 12º, e alguns já na universidade, se encontram em idades [entre os 15 e os 17] “de ter de tomar muitas decisões, sejam profissionais e mesmo vocacionais”.
Rodrigo Costa, de 16 anos, do arciprestado de Vila Nova de Cerveira, é estudante e confessa que o seu sonho é “ser Engenheira Informático e ser feliz como toda a gente”. O adolescente saltou das JMJ para o acampamento em Ponte de Lima. “Foi uma experiência diferente, de que gostei bastante e inspirou-me para continuar. Este acampamento, em termos de ambiente, é mais ou menos a mesma coisa mas em menor escala", contou, indicando, como momentos favoritos, a participação na canoagem deste sábado e a visita do dia anterior à recriação histórica, Recontro de Valdevez, em Arcos de Valdevez.
Atenta aos jovens que se divertiam no rio Lima, sentada na margem, estava hoje a Irmã Isabel Lemos, das Missionárias do Santíssimo Sacramento e Maria Imaculada, presentes na Diocese de Viana, que deixou parte do hábito de freira em casa e vestiu uma t-shirt das JMJ de Lisboa.
“Vejo muita esperança nesta geração. Não está perdida, não. Há aí algumas vozes de mau agouro ou profetas das desgraças, mas muito ao contrário, há esperança e alegria nesta juventude. São diferentes, mas cada tempo responde ao próprio tempo”, comentou, considerando que os jovens de hoje “têm fé, muitas vezes não sabem que têm, mas está lá”.
Este sábado, a Irmã Isabel Lemos preferiu ficar em terra. “Fui no barco, à água não, porque queria observar. Gosto muito, sou um bocadinho pato de água, mas hoje confesso que não estou para aí muito virada”, disse.
Os dias do acampamento têm iniciado sempre com missão celebrada por D. João Lavrador e, segundo Vera Lúcia, diretora da Pastoral Juvenil da Diocese de Viana do Castelo, que tem estado “a coordenar o rebanho” no JUBIGO, a maioria dos jovens levanta-se cedo para orar.
“Sinto que eles têm fé, porque temos a missa matinal com o Senhor Bispo, que não é obrigatória, só vai quem quer. E curiosamente vão todos. Tomam a iniciativa de se levantar e ir à eucaristia que é bastante cedo”, disse Vera Lúcia, destacando, destes dias de acampamento, “uma conversa” com um sacerdote em que os jovens falaram do que lhes vai na alma. “Os temas que os jovens mais se interessam são o sonho, o futuro. O sonho deles da felicidade, da alegria e da esperança”, disse.