Deveria ter início esta quarta-feira a 24.ª edição da Viagem Medieval, em Santa Maria da Feira. Mas a "peste" dos tempos modernos, a covid-19, obrigou ao cancelamento daquela que é a iniciativa mais emblemática do concelho.
Corpo do artigo
A organização assinala nas redes sociais o evento e a restauração da zona histórica traja a rigor os funcionários e disponibiliza ementa da época para minimizar prejuízos.
Mastros ostentando algumas bandeiras da "Viagem", junto ao rio Cáster, assinalam de forma simbólica aquela que devia ser mais uma edição. Também nas redes sociais haverá vídeos alusivos ao evento.
Nada que traga de volta os milhares de forasteiros que todos os anos percorrem a zona histórica. A economia da região perde irremediavelmente milhares de euros em negócio e o concelho mostra-se órfão do evento que era também sinónimo de festa e confraternização.
"Está a ser duríssimo. Estamos a viver um sentimento de frustração e angústia", diz Paulo Sérgio, administrador da Feira Viva, entidade que, juntamente com a Federação das Coletividades e Câmara Municipal, organiza a "Viagem".
"A nossa esperança e expectativa é que se possa retomar no próximo ano". Contudo, o responsável reconhece que, perante tanta incerteza sobre o desenrolar da pandemia, já houve mais convicção sobre a possível realização em 2021.
Ficámos sem chão
Paulo Sérgio calcula que todas as família do concelho são de alguma forma afetadas pela não realização da "Viagem". "Além do impacto económico, há também o impacto emocional. Ficamos sem chão, sem referências. O impacto é brutal", desabafa.
Os comerciantes da zona histórica tentam minimizar as perdas financeiras. "Todos os nossos associados vão estar vestidos de acordo com a época e disponibilizamos uma ementa medieval", diz Miguel Leão, presidente da Associação de Hotelaria, Restauração e Similares do Centro Histórico.
Os restaurantes, bares e hotéis vão recriar um pouco o espírito medieval e ajudar a lembrar a "Viagem". "Tentamos minimizar a perda de receita, atraindo visitantes de uma forma controlada e respeitando todas as normas da Direção-Geral de Saúde", explica.
Além da ementa diária habitual, os restaurantes disponibilizam alternativas como as papas, pataniscas, javali, costeletão, a sangria e o hidromel. São cerca de 40 restaurantes, bares, hotéis e hostels que se juntam a esta iniciativa que decorre até 9 de agosto.
Amor de Pedro e Inês no castelo
A companhia Décadas de Sonho apresenta nos dias 1 e 8 de agosto o espetáculo "Pedro e Inês - O amor proibido", na Praça de Armas do Castelo da Feira, pelas 21.30 horas. Seguindo todas as recomendações da DGS, a peça dramática tem cenário idílico como pano de fundo.
A peça retrata um dos amores mais conhecidos da História de Portugal, o de D. Pedro I e Inês de Castro, envolvendo o público através do cenário da torre de menagem do Castelo da Feira e dos muitos momentos de ação presentes no guião.
O espetáculo ao ar livre, com encenação de Paulo Santos, da Décadas de Sonho, visa contribuir para a dinâmica da economia local e animar as noites quentes de verão do público feirense.
Perdas de 10 milhões
De acordo com a organização, a Viagem Medieval resultava em ganhos na ordem dos 10 milhões de euros divididos por setores da hotelaria, restauração, agentes culturais, artistas e artesãos.
"Viagem" nas redes
A edição da "Viagem" será assinalada nas redes sociais. A habitual cerimónia de abertura foi previamente gravada e será transmitida online. Todos os dias haverá apontamentos históricos de espetáculos anteriores. Este ano, o enquadramento histórico centrava-se no designado "interregno", a crise de 1383/1385 que colocou o país num período de guerra civil.