Município de Braga tem regime de exceção para aparcamento no Rossio da Sé. Cabido quer alargamento às ruas D. Gonçalo Pereira e D. Paio Mendes.
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A falta de estacionamento junto à Sé de Braga para os fiéis que frequentam a missa ao domingo de manhã, está a aumentar a tensão entre Câmara e Igreja, nomeadamente com o Cabido da Sé, liderado pelo cónego José Paulo Abreu. O deão da catedral não se conforma com multas para quem estaciona junto ao Rossio da Sé. A vereadora Olga Pereira diz que a Polícia Municipal apenas "cumpre as regras fixadas". O vereador do Espaço Público, João Rodrigues, não abrirá "regime de exceção".
As primeiras queixas sobre a proibição do estacionamento nas ruas D. Gonçalo Pereira e D. Paio Mendes, no horário da missa, surgiram no início do verão. Na última semana, o cónego recorreu às redes sociais para voltar a denunciar a "falta de espaço no Rossio" para todos os que frequentam a catedral. "As pessoas estão sempre atrapalhadas. E como os bares estão fechados ao domingo de manhã, não me conformo [que não se possa estacionar nas ruas adjacentes]", atira José Paulo Abreu, pedindo um documento que "defina as regras para o local".
"É evidente que falta estacionamento. Faço sempre um esforço por vir mais cedo, para garantir lugar", assume Fernando Almeida, confessando estar a par da quezília entre o Município e a Igreja.
Teresa Lopes e o marido, Alfredo Lopes, também costumam chegar "mais cedo para arranjar lugar". Quando não é possível "deixo a minha mulher à porta e vou procurar para não chegarmos os dois atrasados", conta Alfredo, confessando que, por vezes, deixa a viatura mal estacionada. "No final da missa, fugimos logo para o carro", sublinha.
Guarda-sóis e cadeiras
"A praça está cheia de guarda-sóis e cadeiras, até é estranho não deixarem estacionar na hora da missa", acrescenta Bruno Almeida segundos depois de parar o carro na Rua D. Gonçalo Pereira. "Pensei que podia deixar aqui, porque vi outros carros", refere.
Segundo o vereador João Rodrigues, apesar de não haver um documento, na última reunião com o Cabido da Sé, manteve-se a decisão de manter o regime de exceção apenas para o Rossio da Sé. "Numa zona pedonal é normal haver esplanadas e não haver carros", defende.
Olga Pereira também concorda que não se alargue o estacionamento a outras ruas. "Não vejo porque havemos de estabelecer distinção para os fiéis que vão à missa à Sé", afirma.
O cónego sublinha que a falta de lugares afasta as pessoas da catedral e põe em causa a manutenção do espaço. "A Sé está aqui há dez séculos. Se não tiver gente para manter a catedral, tenho que a fechar. Temos aqui 14 funcionários e não se mantêm com tostões", sustenta José Paulo Abreu, criticando a "compreensão" das entidades "apenas para dias de festa e jogos de futebol".
Multas
O valor de uma multa para quem estaciona nas ruas pedonais do centro histórico é de 30 euros. O acordo entre a Câmara de Braga e o Cabido da Sé permite aparcamento no Rossio da Sé durante missas e cerimónias como casamentos e batizados.
Esplanadas
As esplanadas no centro histórico foram alargadas desde o início do verão devido ao regime de exceção criado pelo programa municipal "Braga de porta aberta". O objetivo é compensar a perda de lugares no interior dos restaurantes, devido à pandemia da covid-19. A medida vai prolongar-se até ao final do ano.