O estádio do Sporting Clube de Espinho está "a cair de podre". Tanto que, há cerca de uma semana, o mau tempo arrancou mais pedaços da antiga pala da bancada poente, entretanto vedada ao público. O clube sonha com casa nova há mais de 30 anos.
Corpo do artigo
Fora o colorido das roupas a secar num estendal junto ao portão principal, a má impressão do chamado "Estádio da Avenida", em Espinho, começa logo à entrada.
Dali são visíveis os pedaços em falta do telhado de folha ondulada na zona de acesso à bancada, os corrimões quebrados e enferrujados e os muitos vidros partidos. O relvado, esse, é o mesmo desde 1983.
A degradação do Estádio Comendador Manuel de Oliveira Violas, casa do Sporting Clube de Espinho, é tal que há pouco mais de uma semana, consequência do mau tempo, o clube viu-se obrigado a vedar ao público a bancada poente por questões de segurança, ficando o estádio reduzido a uma das quatro bancadas.
As outras duas há muito que não vêem gente.
Tudo junto, na opinião de adeptos, tem tido claro reflexo nos resultados da equipa sénior que ocupa o penúltimo lugar da segunda divisão nacional zona centro. "Sem condições de trabalho é claro que os jogadores não podem sentir-se motivados", salientou um adepto e ex-sócio do clube, António Casal Ribeiro.
Questionado sobre o assunto, o presidente do clube, Rodrigo dos Santos, admitiu as falhas e garantiu que a bancada poente, depois de limpos os destroços arrancados pelo vento e pela chuva da antiga pala, voltará, talvez já no próximo jogo em casa, a estar acessível. Mas, "nem mais um tostão será gasto no estádio que não seja apenas e tão só para manter o mínimo de condições de segurança".
É que há muito que o clube vem sonhando com nova casa, a ser construída frente à Nave Desportiva Polivalente. O problema tem sido a falta de dinheiro.
Depois de um processo que conta com mais de 30 anos de história, o clube conseguiu, há cerca de três anos, obter o consenso em volta de um projecto do arquitecto Nuno Lacerda Lopes, que custará cerca de 5,5 milhões de euros e que permitirá a construção de um estádio com cinco mil lugares e de um pavilhão com 1500 lugares. O projecto de arquitectura já foi aprovado, faltando agora, para o licenciamento, os projectos de especialidades.
"Tínhamos mais ou menos até ao final deste ano para apresentar esses projectos, mas pedimos um adiamento com vista a ver aprovado o plano de pormenor para a área do actual estádio. É que será da venda desse espaço que sairão as verbas, cerca de 15 milhões de euros, não para a obra, mas também para liquidarmos o passivo que ronda os oito milhões de euros", explicou.
O problema é que o plano de pormenor, ou seja, o documento que dirá o que se poderá construir no local, em princípio um empreendimento habitacional com comércio e serviços, para ser aprovado necessita de um parecer da Administração da Região Hidrográfica (ARH) do Norte, que ainda não chegou à Câmara, para depois então se pedir um último parecer, desta feita à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN).
"A burocracia e a espera são tais que o investidor que tínhamos, a INACOM, S.A., desistiu do negócio em Setembro e instaurou um processo em tribunal para ser ressarcida no valor de 2,4 milhões de euros que já nos tinha entregue", explicou o presidente dos "tigres".
"Claro que não vamos ficar de braços cruzados e estou confiante que encontraremos quem queira investir num espaço nobre como é este", concluiu Rodrigo dos Santos.