Obra deverá ser consignada ainda neste mês. Pais dizem que o arranque dos trabalhos está "bastante confuso".
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O Hospital de S. João prevê assinar o auto de consignação da obra da nova ala pediátrica ainda este mês, permitindo que a montagem do estaleiro avance em outubro. As datas foram reveladas ao JN, que questionou aquela unidade de saúde na sequência de uma missiva enviada, na segunda-feira, pela Associação Pediátrica Oncológica. Os pais exigem esclarecimentos sobre os prazos da empreitada, uma vez que na assinatura do contrato, a 30 de agosto, apenas se disse que os trabalhos iriam começar até ao final do ano.
Considerando que o arranque da obra "está bastante confuso", a Associação Pediátrica Oncológica interroga-se sobre "o que é que falta", tendo em conta que há um "projeto revisto", construtora e um despacho a autorizar o investimento. Soma-se um contrato, firmado entre o hospital e a Casais - Engenharia e Construção.
De acordo com o S. João, os prazos agora avançados encontram-se "alinhados com os procedimentos em vigor para obras desta envergadura, estando a ser cumprido o cronograma previamente estabelecido". A esperança é que no primeiro semestre de 2021 haja um novo edifício para albergar toda a pediatria.
Ainda assim, e mostrando alguma preocupação com a construção, na missiva, que foi enviada também ao gabinete da ministra da Saúde, Marta Temido, os pais exigem que o contrato assinado com a construtora seja tornado público.
Terreno preocupa
"É uma obra com uma urgência inequívoca. É muito estranho que no terreno não se corresponda com trabalhos", lê-se na carta.
Outra das dúvidas recai sobre a parcela destinada à construção: "Existe algum processo contencioso relativo à disponibilidade dos terrenos ou à escolha da empresa?", perguntam os pais. A mesma questão foi feita pelo JN ao hospital. Não obtivemos resposta.
No entanto, em junho, a administração do S. João revelou, em comunicado, que o terreno tinha sido "liberto do processo judicial" interposto pela associação "Um lugar para o Joãozinho", que iniciou a empreitada em 2015.
A obra, ambicionada há vários anos por profissionais e utentes do S. João, permitirá criar 98 camas para o internamento pediátrico. A nova ala vai acolher seis especialidades, além do serviço de urgência: neonatologia, medicina intensiva, oncologia, cardiologia, cirurgia e a primeira unidade de queimados pediátricos do Norte.
Até lá, os serviços encontram-se dispersos. Alguns estão alojados no núcleo central do S. João, enquanto outros permanecem num edifício de alvenaria, no exterior do hospital. Os contentores, que ao longo de quase uma década abrigaram crianças e jovens, foram desmontados em julho. Custavam quase 100 mil euros/ano.