Na cidade dos canais, o fim de semana da Páscoa continua a ser muito procurada por espanhóis
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Elena Martim e duas amigas, as três de nacionalidade espanhola, estão sentadas no muro junto à ria, na rua João Mendonça, em Aveiro. Olham para um mapa da cidade. São 10.30 horas e estão a delinear o que vão fazer durante a sexta-feira Santa, que para elas será dia de passeio. Viajaram as três de Huelva, em Espanha, para conhecer uma parte do centro de Portugal. Primeiro, ficaram uma noite em Óbidos. Depois, duas em Aveiro. Como elas, milhares de turistas "invadiram" a cidade dos canais nos últimos dias. Alguns regressarão a casa antes de domingo, como Elena, mas outros passarão por ali a Páscoa. Os espanhóis continuam a ser os principais visitantes.
"Ouvimos falar da zona através de amigos e pareceu-nos um sítio atrativo para visitar. À primeira vista, é uma cidade que impressiona, muito bonita. Não pensava que seria assim, tinha outra imagem formada", conta Elena Martim.
Apesar de estarem ao lado dos cais de embarque para os passeios de barco moliceiro, as três amigas ainda não tinham decidido, na manhã desta sexta-feira, se iriam comprar bilhete para conhecer os canais da ria. Mas começavam a ter algumas certezas: queriam caminhar pela cidade, visitar a Sé de Aveiro, o Parque Infante D. Pedro e o bairro da Beira-Mar. E Elena, formada em turismo, aproveita para deixar um concelho: "A zona mais a norte de Portugal devia promover-se mais no sul de Espanha. Lá, só ouvimos falar mais de Albufeira, Faro e Castro Marim, por exemplo".
Já de bilhete comprado para os moliceiros e à espera numa longa, mas rápida, fila está um grupo de quatro amigos - dois de nacionalidade brasileira -, residentes na Benedita, em Alcobaça. Três deles estão pela primeira vez em Aveiro. Marcos António e Jade Sintra chegaram do Brasil há um mês. E Sónia Borges, uma portuguesa filha de emigrantes, veio viver para Portugal há cinco anos. "Ainda não conhecia Aveiro e queria muito conhecer. Estamos a gostar muito. Vamos andar de moliceiro, depois ao Museu, ao Parque Infante D.Pedro e conhecer um pouco da cidade. Não ficamos para dormir, vamos regressar hoje à Benedita", conta Sónia.
A Aveiro Emotions é uma das várias empresas operadoras turísticas que detêm moliceiros. Oito barcos, mais precisamente. "A enchente de turistas começou no início da semana e foi aumentando. Setenta a 80% são espanhóis", sublinha Deolinda Sousa, uma das responsáveis da empresa. "Provavelmente, até está mais gente do que em 2019, mas talvez a gastar menos dinheiro", realça também. Afinal, está cansada de que tentem regatear preços com ela. "Não sei onde foram buscar a filosofia de que em Portugal se pedem descontos. O problema é que há quem ceda, o que só faz com que desvalorizemos o nosso produto e o serviço", lamenta Deolinda. Por isso, na Aveiro Emotions, o preço não oscila: são 13 euros para adulto - e seis por criança -, para 45 minutos de passeio, ao longo de oito quilómetros de canais urbanos da ria de Aveiro. E a fila de espera continuava a aumentar.