Mantém o nome, mas as fábricas já lá não estão. Na Avenida Fabril do Norte, na Senhora da Hora, em Matosinhos, concentra-se grande parte dos movimentos de entrada e saída do concelho. Até porque, em conjunto com a freguesia de S. Mamede de Infesta, é naquela zona onde se regista o maior número de deslocações para outros concelhos para trabalhar ou estudar.
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De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), há 13 995 deslocações diárias desta união de freguesias para outros municípios. Destes movimentos, cerca de 12 mil fazem-se para o Porto, Maia, Gaia, Gondomar e Valongo.
"Não há grandes empresas aqui para acolher jovens com os cursos de agora. Só se for nos cafés, restaurantes ou no NorteShopping", diagnostica Susana Santos, de 52 anos, do café Batida de Côco, mesmo em frente à estação da Senhora da Hora. "O metro para a Trindade também passa aqui de cinco em cinco minutos e isso ajuda as pessoas a deslocar-se. Certo é que, de manhã, os clientes estão sempre cheios de pressa", afirma.
Do outro lado da rua, na Tabacaria e Papelaria Pirilampo, Margarida Guerra partilha a opinião: "Aqui é comércio tradicional. Só se for o Continente a dar muito emprego". A funcionária nota que "também não há espaço" para criar mais empresas ou fábricas. "Mesmo em Matosinhos, aqueles armazéns estão a ser restaurados para outras coisas: ou supermercados ou então ginásios", acrescenta, admitindo que a zona "é boa para viver", já que "as pessoas deslocam-se com facilidade".
Já Jorge Salgueiro, da Feira da Louça, na Avenida do Conde, em S. Mamede de Infesta, rejeita a ideia de que "não há emprego". "A restauração queixa-se de que precisa de pessoas para trabalhar e não tem. Claro que, por outro lado, não há tecido empresarial. Mas aqui temos tudo a nível de comércio. As pessoas é que se tornaram mais seletivas", diz o comerciante, justificando as saídas do concelho.