Cerca de 240 alunos das faculdades de Engenharia e de Ciências da Universidade do Porto participam, neste fim de semana, numa maratona de engenharia. Divididos por equipas, foram desafiados a construir o protótipo de uma máquina capaz de recolher todo o lixo depositado num recipiente com água. Têm, no máximo, 24 horas para cumprir a tarefa. É uma luta contra o tempo que exige paciência, criatividade e perseverança para enfrentar os obstáculos. A equipa vencedora será conhecida na segunda-feira e, em maio, irá participar num evento semelhante em Madrid (Espanha).
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Sentado numa secretária e sem retirar o olhar do seu protótipo, José Brás tenta decifrar qual dos cabos não está bem conectado e, dessa forma, está a impedir a progressão do projeto. A sua equipa, os Space Explorers, criou uma espécie de barco com uma rede para recolher o lixo à superfície da água. No entanto, tendo em conta o tempo limitado, José Brás tem já uma certeza: "Não vamos conseguir cumprir todos os requisitos da competição". A colocação do lixo num recipiente após ser retirado da água é uma das exigências que ficará por cumprir.
A decorrer na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), a 15.ª edição do European BEST Engineering Competition Challenge (EBEC Challenge) começou às 18 horas de sábado. Termina este domingo, 24 horas depois. Os participantes pernoitaram nas instalações da faculdade, sendo que a maioria permaneceu acordada para dar continuidade aos projetos. José Brás conseguiu dormir uma hora, sentado à secretária. Luca Garcia, da equipa Argus, nem isso. Até porque o grupo precisou de todo os minutos disponíveis para enfrentar os contratempos que lhes surgiram.
"A nossa primeira ideia era fazer um barco com arduinos e motores. Só que já não havia motores disponíveis, nem nada eletrónico. Quase desistimos", contou o jovem.
No entanto, a equipa acabou por reinventar o projeto. Usou uma ratoeira, molas e uma hélice feita de forma manual para fazer mover o barco. "O projeto foi sempre adaptado ao longo do percurso", comentou Luca Garcia, aplaudindo a iniciativa e sem esconder a ambição de competir em Madrid.
"Esta é uma oportunidade de pôr em prática o que aprendemos ao longo do curso e desenvolver projetos interessantes", sublinhou o estudante, de 21 anos.
Uma das salas da Faculdade de Engenharia foi convertida numa oficina. O cheiro a madeira pairava no ar. Havia alunos a soldar, a lixar e a cortar pedaços de madeira para os seus projetos. Numa outra sala, foi criado um espaço de testes que permite aos estudantes experimentarem a eficácia dos seus protótipos num recipiente com água cheia de lixo. Este domingo, pouco antes das 12 horas, a equipa de Tiago Pintado já estava a experimentar o seu protótipo.
"Aprendi muito com esta experiência. Tenho, agora, mais conhecimento sobre como ligar motores e sobre o arduino. A nível social, criei novas amizades e houve colegas que nos ajudaram durante a tarefa", afirmou.